sábado, 31 de outubro de 2009

ELES SÃO DEMAIS

Tribunal de pequenas causas
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Você pensa que faz o que quer
Não faz
E que quer fazer o que faz
Não quer
Tá pensando que deus vai ajudar
Não vai
E que há males que vêm ara o bem
Não vêm
Você acha que ele há de voltar
Não há
E que ao menos alguém vai escapar
Ninguém
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Paro pra pensar
Mas não penso mais
De um minuto
Sem pensar em alguém
Que não pára pra pensar em ninguém
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Você acha que eu tenho demais
Roubei
Você acha que eu não sou capaz
Matei
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(Fernanda Takai/ John)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O GRANDISSÍSSIMO MICHEL MELAMED

Dêem uma boa olhada, explorem o site EM PORTUGUÊS.
http://www.michelmelamed.com.br/
Boa viagem.

O HOMEM E O GELO

A artista plástica brasileira Nele Azevedo levou para as escadarias do Gendarmenmarkt, em Berlim, mil esculturas de gelo com o formato de homem. Elas foram expostas sob o sol escaldante do verão europeu como forma de protesto contra o aquecimento global e as mudanças climáticas. “Eu acredito que a arte não pode fazer muito, mas pode tocar o coração das pessoas e talvez possa mudar alguma coisa dessa forma”, comenta Nele Azevedo. Olha que Maneiro!


E O VENTO LEVOU ...

UM MINUTO PRA PENSAR
QUE A VIDA LEVA E TRAZ
O QUE EU FAÇO, ELA DESFAZ
PENSAMENTOS SÃO COMO LADRÕES ME ROUBANDO TEMPO
LEVAM MINHA PAZ
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POIS TODO MUNDO ESTÁ SÓ
PRÁ SABER O QUE É BOM
O RUIM E O TANTO FAZ
ÀS VEZES NÃO QUERO ESCOLHER
E AS PESSOAS VÃO DIZER
QUE EU VIVO DE ILUSÃO
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VOU DESAPARECENDO
MAS ESTOU SEMPRE LÁ
SEI QUE POR UM MOMENTO
FUJO SEM SAIR DO LUGAR
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UM SEGUNDO PRA ESQUECER
TUDO QUE ME APRAZ
E NÃO TENHO MAIS
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(Fernanda Takai/John)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

JURA SECRETA

VOLTEI a esse momento solitário da escrita.
ESTOU há tempos empurrando com a barriga esse texto. Quem me conhece por dois minutos que seja não imagina que eu possa ser capaz de la m a r * uma cantora tão fora do padrão-fernando-de-qualidade. Simone. Ui! Mais estranho pensar que o ultimo show que assisti foi Green Day e o proximo sera Simone. That`s me.
BEM, quando se fala em Simone logo nos lembramos dessa merda que virou o trabalho dela nos últimos anos. A recente união com Z Duncan foi o fim. Eu odeio a ZD. Rendeu um Cd e DVD ao vivo que nao pretendo jamais conhecer. Mas, enfim, são 36 anos de carreira com mais altos que baixos. Parece que todo artista vai se desmanchando com o passar do tempo. Atualmente, vencer bem o segundo disco já é uma vitória, que dirá 36 anos. Orra, meu.
SIMONE acaba de lancar novo CD com assinatura da gravadora Biscoito Fino. Uma gravadora de arte, para onde muitos artistas da MPB tem se refugiado a fim de manterem um melhor nivel em seus trabalhos. Talvez uma luz no fim do tunel da baiana.
PRIMORDIOS: pra mim tudo começou em dezembro de 1979. Simone foi a atração especial no fim daquele ano da Globo. O show chamava-se `Simone` e era embalado por sucessos de uma interprete politizada. "Pra não dizer que não falei de flores", "Começar de novo", "Maria,Maria" e `Antes que seja tarde`. Era uma epoca diferente. Quebrar algumas barreiras significavam mais do que saber qual vai ser a proxima novidade da Microsoft. Minha mãe logo comprou o vinyl do show pra mim e ali se iniciou a loucura que me define ate hoje. Simone pra mim era o conjunto da obra. Não era apenas a voz, a altura, a presença, o dinheiro, a beleza, a sexualidade. Era a maneira como essas coisas me atingiam e me deixavam na lona. Eu tinha 11, 12 anos e tudo que é novo tem um gosto virgem nessa idade fragil. Em seguida, já em 1980, o tal show chegou em Porto Alegre. E aí me foi apresentado uma show woman como uma criança como eu jamais tinha visto. Fui ao nocaute.
A partir dali meu destino simoniano estava traçado. Alem de soltar a voz como ninguem, seu timbre me acalma, inexplicavelmente. Outra coisa me agrada muito. Ela nao trina as vogais como um canario imbecil, cacoete tao comum no jeito de cantar de Caetano e Bethania, eu sei que isso conta como qualidade, mas eu detesto, me incomoda. E o melhor de tudo, Simone mastiga as silabas, ela aproveita cada pedacinho da palavra saborosamente. Nao engole nada.
Bem no meu feitio, comprei comprei comprei comprei comprei tudo que podia dela e esperava cada novo trabalho como esperava pelas férias. E olha, tudo que eu queria naqueles anos malditos de colegio eram ferias. Cada novo disco era um vendaval de vida pra mim. Eu cuidava pra nao ouvir mais do que duas vezes cada disco novo por dia para nao enjoar muito depressa. Em meados dos anos 80, Simone assinou um contrato milhonario com a CBS. Esse contrato rendeu capa na Veja. A matéria mostrava o cacife da então mais poderosa interprete brasileira e falava da nova era de shows super produzidos em ginasios para os grandes nomes da MPB. Simone inaugurou esse momento. Naquele ano a turnê do show Corpo e Alma lotou quatro vezes apenas o Maracanazinho, repetindo o exito pelos quatro cantos do pais.
ELA era meu idolo total. Obviamente a maioria das letras eram tristes e falavam de todos amores proibidos/perdidos que uma pessoa pode viver. Perfeito. Eramos a mao e a luva. Eu me perguntava se dali ha 20 ou 30 anos eu ainda estaria ouvindo aquelas musicas e ainda estaria gostando da Simone. Dela mesma, acho que ja nao gosto tanto como naquela epoca. As pessoas mudam e fazem suas proprias caveiras. Ja das musicas, gosto cada vez mais. Ouvir cancoes antigas `e como recontar nossa propria historia e reviver um tempo que parece ainda nao ter passado. Da uma ideia de eternidade.
ACHO que nao quero continuar escrevendo sobre isso.

PS -- ASSIM Q MEU TECLADO FOR RECONFIGURADO VOLTO A ESSE TEXTO P/ COLOCAR OS ACENTOS Q ESTAO AUSENTES PQ SIMPLESMENTE SUMIRAM !!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

DISTRITO 9, 10, 11, 12 ...

VENDIDO como ficção científica, o filme passeia por vários estilos, e se consagra um produto sem definição de gênero. Ponto para o diretor sul-africano Neill Blomkamp.
APRESENTADO como um documentário fake, a história foi rodada em uma Johannesburg tomada há 20 anos por visitantes perdidos do espaço. Tudo se desenrola em ritmo frenético. Aliens de baixíssimo Q.I estão confinaddos em uma área restrita, o distrito do título, e são vizinhos de uma população revoltada com a situação. Paira sobre os muros do confinamento uma sombra negra. É a imensa nave, desativada há duas décadas, que trouxe nossos visitantes, sem nenhum glamour ou sons e imagens hetéreas. Lá embaixo vivem quase dois milhões de seres em condições piores que uma favela, um campo de concentração. Tanto que todas as cenas de confinamento foram filmadas em uma favela real de Soweto. O quadro é um inferno na terra, piorado quando muitos aliens começam a sair do cercadinho e invadir a cidade atrás de comida e diversão. Eles não entendem direito as regras (!?) da nossa sociedade e os problemas crescem. Dentro do distrito reina um submundo sujo com direito ao tráfico de armas e contrabando de ração de gato, o prato preferido das estranhas criaturas. Tudo orquestrado por legítimos nigerianos, falando em dialetos locais, os verdadeiros afro descendentes e ascendentes. As sequências de canibalismo e misticismo pagão primitivo são realistas e cruamente documentadas. Os nigerianos acreditam que consumindo a carne dos ETs receberão a força bestial das criaturas e a transferência de seu DNA extra-galáctico, necessário para operar as armas que só os bichos conseguem fazer funcionar.
CLARO que temos mocinhos e bandidos, chavão imprescindível para a engrenagem da aventura. Cristopher, o alienígena-protagonista-inteligente tem planos e meios de levar sua manada de volta pra casa. Contra ele uma instituição idêntica a ONU quer jogar tudo por terra, literalmente, num trocadilho infeliz, mas oportuno. O chefão da operação é Wikus van der Merwe, um bode espiatório desavisado, bem-intencionaddo e sem noção. Logo ele passa para o lado da minoria confinada ao inalar, por acaso, um gás que inexplicavelmente produz uma mutação e nosso anti-herói começa a se transformar lentamente em alien. Uhhhhhhhhu. Ele passa a ser então o objeto mais precioso da Terra, o único humano mutante e, portanto, capaz de operar as cobiçadas armas. O maior bem do planeta é então caçado pela tal ONU. É uma associação livre ao filme A Mosca e a Metamorfose de Kafka. Não preciso dizer onde Wikus procura abrigo.
A TRAMA que parece ridícula pela sinopse é muito mais que uma historinha previsível. Criativa e recheada de frescor, dá uma guinada na banalização esquemática desse tipo de produção. Logo nos vemos, meio a contragosto, afeiçoados tanto ao humano mutante quanto ao repugnante Alien Professor Pardal e seu filhinho, um fofo esquálido, que herdou a genialidade paterna. O maior desafio do filme era esse: fazer com que aquelas criaturas nojentas fossem aos poucos criando empatia com o público. Bingo!
A POPULAÇÃO de Johannesburg aparece dando depoimentos verdadeiros sobre uma situação muito próxima do apartheid. Campo minado, numa ferida ainda aberta que desde de 1994 tenta cicatrizar na África do Sul. Por isso o filme vem gerando polêmica na África e no mundo. Autoridades locais tem se pronunciado indignados com a similaridade da situação dos alienígenas com o que acontece pelo continente afora.
TODO e qualquer bafafá gerado por uma produção hollywoodiana é sempre muito bem-vinda pelos estúdios. Se isso contribuir para levar mais espectadores a Distrito 9, melhor. O público saboreará um filme único e incentivará uma continuação já alinhavada nos últimos minutos da película.
O FILME-SENSAÇÃO do verão americano, consumiu apenas U$ 30 milhões, uma bagatela para as produções do gênero e se pagou em apenas 3 dias de exibição. Quando vazou na Web ultrapassou 1 milhão de downloads em 24 horas. Tudo embalado pela invejável produção de Peter Jackson, diretor da trilogia O Senhor dos Anéis. Toda essa simplicidade garante que Distrito 10 vem por aí com força e barulho.

Muse and Mika II

COMEÇANDO pelo Mika. O disco novo é um pouco diferente do primeiro lançado no Brasil. Vem com um pouco menos de eletrônica, menos dançante, então. Mas nada que tire o brilho desse artista em efervescência. Se valendo novamente da ópera e da chanson francesa ele faz um POP como poucos com refrões espetaculares. Vindo de uma infância atravessada pela guerra do oriente médio, chegando a Londres na pré-adolescência para lá viver e compor, é impressionante como essa experiência pouco interfere nas suas músicas. Vencer esse passado não é pra qualquer um. Apesar de que, crescer na guerra não deve ser muito diferente de crescer no Rio de Janeiro, onde criminosos derrubam helicópteros e as crianças também crescem no caos. Voltando, grande disco em um ano em que a produção musical anda meio meio.
O Muse faz um som grandiloquente apoiado na voz grossa e épica do vocalista. O início do disco é repleto de canções que grudam no ouvido e dizem ao que vieram. A outra metade fica reservada a experimentações e a incursão perigosa no progressivo. Eles se saem muito bem. É uma parte para ser digerida aos poucos, mas que só acrescenta vida longa a um CD poderoso.
Se a produção musical continuasse nesse nível o ano poderia ter esperança de não passar em branco.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

MUSE AND MIKA

Hoje comprei os novos cds do Muse e do Mika. O Muse eu ainda não conheço e só comprei por causa do frenesi em volta desse novo trabalho, pricipalmente pelos temperos eletrônicos nas 3 faixas finais que flertam com o famigerado ópera rock progressivo.
Já o Mika é aquele gracinha que dá vontade de ter como o melhor-amigo-gay. Pela capa se vê que o trabalho mais recente deve seguir o padrão do último. Se for assim, é gol mundial again.
Agora vou me dedicar à audição religiosa a esses caras e depois conto a experiência sensorial.
Ademais que eu vou em frente.

sábado, 3 de outubro de 2009

LARS VON TRIER PERTURBA EM ANTICRISTO

EM tempos de Twitter e busca frenética por ser um dos primeiros 100.000 a ter o Google Wave é no mínimo desafiador assistir a duas horas lentas na tela. Especialmente com apenas dois atores em cena. Mas isso é tarefa realizada com maestria pelo genial Lars von Trier. O diretor dinamarquês, realizador da obra-prima Dogville (2003), estrelado por Nicole Kidman num cenário fixo atuando num imenso palco preto e o musical Dançando no Escuro (2000), que provocou crises homéricas na visionária Bjork, volta à polêmica.
DESSA vez Von Trier testou o terror com pitadas de sexo explícito. As cenas "adultas" se inserem perfeitamente num roteiro que mistura paganismo, mutilação da carne e da alma, histeria, morte, maldade atávica, teologia, psicanálise, seitas medievais e natureza selvagem. Durante 110 minutos reina o caos. Referências a O Bebê de Rosemary (1968) e, principalmente, O Ilumimado (1980) aparecem consciente ou inconscientemente, tanto na morte prematura do filho, como no isolamento na cabana, cercada pela floresta, o Éden.
EU não vou contar o enredo, nem memo fazer uma sinopse porque o filme merece ser visto na telona e não contado rapidamente, pecado mortal. É, sem dúvida, o melhor filme de 2009 so far. Willem Dafoe volta à forma conhecida no espetacular A Última Tentação de Cristo (1988), onde ele protagoniza um Jesus histórico e nem tão assexualizado. Já Charlotte Gainsbourg comprova sempre que traz os genes de seus pais aprimorados. Criativa e ilimitada tanto como atriz quanto cantora e compositora. Os dois ARTISTAS, na ampla e exata definição de seu oficio, não se furtam ao direito e ao prazer nas cenas de sexo. Corajosamente se expõem ao limite máximo do explícito, quebrando um tabu no cinema não X-rated, confinados em videolocadoras obscuras, mostrando seu sexo cirúrgico.
ANTICRISTO vai deixar qualquer um cheio de interrogações e de necessidade de pensar e repensar, verbos cada vez menos conjugados nesses tempos decadentes e risíveis. Como qualquer filme que tem o que dizer, tudo que se passa na tela e na trilha tem significado(s) e acontece porque deve acontecer. É como se acompanhássemos a decupagem em tempo real. As cenas em câmera lentíssima poderiam estar no acervo permanente de qualquer grande museu do mundo.
SE tudo isso não for o bastante para levar você ao cinema é porque você deve preferir um aborto que deu errado como o Metrô 123. Não esqueça de desligar o celular e desconectar o Twitter. Bom filme.