segunda-feira, 19 de outubro de 2009

DISTRITO 9, 10, 11, 12 ...

VENDIDO como ficção científica, o filme passeia por vários estilos, e se consagra um produto sem definição de gênero. Ponto para o diretor sul-africano Neill Blomkamp.
APRESENTADO como um documentário fake, a história foi rodada em uma Johannesburg tomada há 20 anos por visitantes perdidos do espaço. Tudo se desenrola em ritmo frenético. Aliens de baixíssimo Q.I estão confinaddos em uma área restrita, o distrito do título, e são vizinhos de uma população revoltada com a situação. Paira sobre os muros do confinamento uma sombra negra. É a imensa nave, desativada há duas décadas, que trouxe nossos visitantes, sem nenhum glamour ou sons e imagens hetéreas. Lá embaixo vivem quase dois milhões de seres em condições piores que uma favela, um campo de concentração. Tanto que todas as cenas de confinamento foram filmadas em uma favela real de Soweto. O quadro é um inferno na terra, piorado quando muitos aliens começam a sair do cercadinho e invadir a cidade atrás de comida e diversão. Eles não entendem direito as regras (!?) da nossa sociedade e os problemas crescem. Dentro do distrito reina um submundo sujo com direito ao tráfico de armas e contrabando de ração de gato, o prato preferido das estranhas criaturas. Tudo orquestrado por legítimos nigerianos, falando em dialetos locais, os verdadeiros afro descendentes e ascendentes. As sequências de canibalismo e misticismo pagão primitivo são realistas e cruamente documentadas. Os nigerianos acreditam que consumindo a carne dos ETs receberão a força bestial das criaturas e a transferência de seu DNA extra-galáctico, necessário para operar as armas que só os bichos conseguem fazer funcionar.
CLARO que temos mocinhos e bandidos, chavão imprescindível para a engrenagem da aventura. Cristopher, o alienígena-protagonista-inteligente tem planos e meios de levar sua manada de volta pra casa. Contra ele uma instituição idêntica a ONU quer jogar tudo por terra, literalmente, num trocadilho infeliz, mas oportuno. O chefão da operação é Wikus van der Merwe, um bode espiatório desavisado, bem-intencionaddo e sem noção. Logo ele passa para o lado da minoria confinada ao inalar, por acaso, um gás que inexplicavelmente produz uma mutação e nosso anti-herói começa a se transformar lentamente em alien. Uhhhhhhhhu. Ele passa a ser então o objeto mais precioso da Terra, o único humano mutante e, portanto, capaz de operar as cobiçadas armas. O maior bem do planeta é então caçado pela tal ONU. É uma associação livre ao filme A Mosca e a Metamorfose de Kafka. Não preciso dizer onde Wikus procura abrigo.
A TRAMA que parece ridícula pela sinopse é muito mais que uma historinha previsível. Criativa e recheada de frescor, dá uma guinada na banalização esquemática desse tipo de produção. Logo nos vemos, meio a contragosto, afeiçoados tanto ao humano mutante quanto ao repugnante Alien Professor Pardal e seu filhinho, um fofo esquálido, que herdou a genialidade paterna. O maior desafio do filme era esse: fazer com que aquelas criaturas nojentas fossem aos poucos criando empatia com o público. Bingo!
A POPULAÇÃO de Johannesburg aparece dando depoimentos verdadeiros sobre uma situação muito próxima do apartheid. Campo minado, numa ferida ainda aberta que desde de 1994 tenta cicatrizar na África do Sul. Por isso o filme vem gerando polêmica na África e no mundo. Autoridades locais tem se pronunciado indignados com a similaridade da situação dos alienígenas com o que acontece pelo continente afora.
TODO e qualquer bafafá gerado por uma produção hollywoodiana é sempre muito bem-vinda pelos estúdios. Se isso contribuir para levar mais espectadores a Distrito 9, melhor. O público saboreará um filme único e incentivará uma continuação já alinhavada nos últimos minutos da película.
O FILME-SENSAÇÃO do verão americano, consumiu apenas U$ 30 milhões, uma bagatela para as produções do gênero e se pagou em apenas 3 dias de exibição. Quando vazou na Web ultrapassou 1 milhão de downloads em 24 horas. Tudo embalado pela invejável produção de Peter Jackson, diretor da trilogia O Senhor dos Anéis. Toda essa simplicidade garante que Distrito 10 vem por aí com força e barulho.

3 comentários:

  1. distrito 9 foi um filme unico para mim,porque ele saiu totalmente do contexto de um filme de alienigenas,nao ganhamos nem perdemos deles mas neste filme nos estamos controlando eles e os abusando e obrigando de que eles mostrem como funciona a armas tao poderosas deles,concerteza vai ter continuaçao,mas oque estragou um pouco o filme foi o ator principal que deixou o filme meio comedia com aquele sutaque estranho e divertido,que para um filme de ficçao cientifica não é comum mas tirando isso foi muito bome depois veio a confirmaçao que o filme foi bom mesmo.
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  2. Cara, ja eu não vi nenhum defeito, muito pelo contrário, pra mim Distrito 9 o filme melhor que foi lançado em 2009, melhor que sga crepúsculo, harry potter, nárnia, senhor dos anéis, exterminador do futuro, enfim eles souberam como misturar ficção, ação, aventura e um toque de comédia.
    Comcerteza estou esperando pela continuação (Distrito 10), e com efeitos visuais melhores do que o de Avatar. Os diretores, cinegrafistas, roteiristas e o resto da equipe estão de parabéns por terem feito um filme sensacional, considero o filme do século.

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  3. Distrito 9 foi um filme como ha muito tempo não se via, não é mais um besteirol americano. Seus produtores e diretor abusaram de criatividade e inspiração, com um toque perfeito de efeitos especiais.
    Aguardo ansiosamente pela sua continuação, que com certeza haverá. Mas para que essa continuação atenda as expectativas do público seus produtores deverão abusar da criatividade ainda mais que no primeiro.

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