sábado, 31 de outubro de 2009

ELES SÃO DEMAIS

Tribunal de pequenas causas
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Você pensa que faz o que quer
Não faz
E que quer fazer o que faz
Não quer
Tá pensando que deus vai ajudar
Não vai
E que há males que vêm ara o bem
Não vêm
Você acha que ele há de voltar
Não há
E que ao menos alguém vai escapar
Ninguém
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Paro pra pensar
Mas não penso mais
De um minuto
Sem pensar em alguém
Que não pára pra pensar em ninguém
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Você acha que eu tenho demais
Roubei
Você acha que eu não sou capaz
Matei
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(Fernanda Takai/ John)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O GRANDISSÍSSIMO MICHEL MELAMED

Dêem uma boa olhada, explorem o site EM PORTUGUÊS.
http://www.michelmelamed.com.br/
Boa viagem.

O HOMEM E O GELO

A artista plástica brasileira Nele Azevedo levou para as escadarias do Gendarmenmarkt, em Berlim, mil esculturas de gelo com o formato de homem. Elas foram expostas sob o sol escaldante do verão europeu como forma de protesto contra o aquecimento global e as mudanças climáticas. “Eu acredito que a arte não pode fazer muito, mas pode tocar o coração das pessoas e talvez possa mudar alguma coisa dessa forma”, comenta Nele Azevedo. Olha que Maneiro!


E O VENTO LEVOU ...

UM MINUTO PRA PENSAR
QUE A VIDA LEVA E TRAZ
O QUE EU FAÇO, ELA DESFAZ
PENSAMENTOS SÃO COMO LADRÕES ME ROUBANDO TEMPO
LEVAM MINHA PAZ
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POIS TODO MUNDO ESTÁ SÓ
PRÁ SABER O QUE É BOM
O RUIM E O TANTO FAZ
ÀS VEZES NÃO QUERO ESCOLHER
E AS PESSOAS VÃO DIZER
QUE EU VIVO DE ILUSÃO
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VOU DESAPARECENDO
MAS ESTOU SEMPRE LÁ
SEI QUE POR UM MOMENTO
FUJO SEM SAIR DO LUGAR
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UM SEGUNDO PRA ESQUECER
TUDO QUE ME APRAZ
E NÃO TENHO MAIS
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(Fernanda Takai/John)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

JURA SECRETA

VOLTEI a esse momento solitário da escrita.
ESTOU há tempos empurrando com a barriga esse texto. Quem me conhece por dois minutos que seja não imagina que eu possa ser capaz de la m a r * uma cantora tão fora do padrão-fernando-de-qualidade. Simone. Ui! Mais estranho pensar que o ultimo show que assisti foi Green Day e o proximo sera Simone. That`s me.
BEM, quando se fala em Simone logo nos lembramos dessa merda que virou o trabalho dela nos últimos anos. A recente união com Z Duncan foi o fim. Eu odeio a ZD. Rendeu um Cd e DVD ao vivo que nao pretendo jamais conhecer. Mas, enfim, são 36 anos de carreira com mais altos que baixos. Parece que todo artista vai se desmanchando com o passar do tempo. Atualmente, vencer bem o segundo disco já é uma vitória, que dirá 36 anos. Orra, meu.
SIMONE acaba de lancar novo CD com assinatura da gravadora Biscoito Fino. Uma gravadora de arte, para onde muitos artistas da MPB tem se refugiado a fim de manterem um melhor nivel em seus trabalhos. Talvez uma luz no fim do tunel da baiana.
PRIMORDIOS: pra mim tudo começou em dezembro de 1979. Simone foi a atração especial no fim daquele ano da Globo. O show chamava-se `Simone` e era embalado por sucessos de uma interprete politizada. "Pra não dizer que não falei de flores", "Começar de novo", "Maria,Maria" e `Antes que seja tarde`. Era uma epoca diferente. Quebrar algumas barreiras significavam mais do que saber qual vai ser a proxima novidade da Microsoft. Minha mãe logo comprou o vinyl do show pra mim e ali se iniciou a loucura que me define ate hoje. Simone pra mim era o conjunto da obra. Não era apenas a voz, a altura, a presença, o dinheiro, a beleza, a sexualidade. Era a maneira como essas coisas me atingiam e me deixavam na lona. Eu tinha 11, 12 anos e tudo que é novo tem um gosto virgem nessa idade fragil. Em seguida, já em 1980, o tal show chegou em Porto Alegre. E aí me foi apresentado uma show woman como uma criança como eu jamais tinha visto. Fui ao nocaute.
A partir dali meu destino simoniano estava traçado. Alem de soltar a voz como ninguem, seu timbre me acalma, inexplicavelmente. Outra coisa me agrada muito. Ela nao trina as vogais como um canario imbecil, cacoete tao comum no jeito de cantar de Caetano e Bethania, eu sei que isso conta como qualidade, mas eu detesto, me incomoda. E o melhor de tudo, Simone mastiga as silabas, ela aproveita cada pedacinho da palavra saborosamente. Nao engole nada.
Bem no meu feitio, comprei comprei comprei comprei comprei tudo que podia dela e esperava cada novo trabalho como esperava pelas férias. E olha, tudo que eu queria naqueles anos malditos de colegio eram ferias. Cada novo disco era um vendaval de vida pra mim. Eu cuidava pra nao ouvir mais do que duas vezes cada disco novo por dia para nao enjoar muito depressa. Em meados dos anos 80, Simone assinou um contrato milhonario com a CBS. Esse contrato rendeu capa na Veja. A matéria mostrava o cacife da então mais poderosa interprete brasileira e falava da nova era de shows super produzidos em ginasios para os grandes nomes da MPB. Simone inaugurou esse momento. Naquele ano a turnê do show Corpo e Alma lotou quatro vezes apenas o Maracanazinho, repetindo o exito pelos quatro cantos do pais.
ELA era meu idolo total. Obviamente a maioria das letras eram tristes e falavam de todos amores proibidos/perdidos que uma pessoa pode viver. Perfeito. Eramos a mao e a luva. Eu me perguntava se dali ha 20 ou 30 anos eu ainda estaria ouvindo aquelas musicas e ainda estaria gostando da Simone. Dela mesma, acho que ja nao gosto tanto como naquela epoca. As pessoas mudam e fazem suas proprias caveiras. Ja das musicas, gosto cada vez mais. Ouvir cancoes antigas `e como recontar nossa propria historia e reviver um tempo que parece ainda nao ter passado. Da uma ideia de eternidade.
ACHO que nao quero continuar escrevendo sobre isso.

PS -- ASSIM Q MEU TECLADO FOR RECONFIGURADO VOLTO A ESSE TEXTO P/ COLOCAR OS ACENTOS Q ESTAO AUSENTES PQ SIMPLESMENTE SUMIRAM !!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

DISTRITO 9, 10, 11, 12 ...

VENDIDO como ficção científica, o filme passeia por vários estilos, e se consagra um produto sem definição de gênero. Ponto para o diretor sul-africano Neill Blomkamp.
APRESENTADO como um documentário fake, a história foi rodada em uma Johannesburg tomada há 20 anos por visitantes perdidos do espaço. Tudo se desenrola em ritmo frenético. Aliens de baixíssimo Q.I estão confinaddos em uma área restrita, o distrito do título, e são vizinhos de uma população revoltada com a situação. Paira sobre os muros do confinamento uma sombra negra. É a imensa nave, desativada há duas décadas, que trouxe nossos visitantes, sem nenhum glamour ou sons e imagens hetéreas. Lá embaixo vivem quase dois milhões de seres em condições piores que uma favela, um campo de concentração. Tanto que todas as cenas de confinamento foram filmadas em uma favela real de Soweto. O quadro é um inferno na terra, piorado quando muitos aliens começam a sair do cercadinho e invadir a cidade atrás de comida e diversão. Eles não entendem direito as regras (!?) da nossa sociedade e os problemas crescem. Dentro do distrito reina um submundo sujo com direito ao tráfico de armas e contrabando de ração de gato, o prato preferido das estranhas criaturas. Tudo orquestrado por legítimos nigerianos, falando em dialetos locais, os verdadeiros afro descendentes e ascendentes. As sequências de canibalismo e misticismo pagão primitivo são realistas e cruamente documentadas. Os nigerianos acreditam que consumindo a carne dos ETs receberão a força bestial das criaturas e a transferência de seu DNA extra-galáctico, necessário para operar as armas que só os bichos conseguem fazer funcionar.
CLARO que temos mocinhos e bandidos, chavão imprescindível para a engrenagem da aventura. Cristopher, o alienígena-protagonista-inteligente tem planos e meios de levar sua manada de volta pra casa. Contra ele uma instituição idêntica a ONU quer jogar tudo por terra, literalmente, num trocadilho infeliz, mas oportuno. O chefão da operação é Wikus van der Merwe, um bode espiatório desavisado, bem-intencionaddo e sem noção. Logo ele passa para o lado da minoria confinada ao inalar, por acaso, um gás que inexplicavelmente produz uma mutação e nosso anti-herói começa a se transformar lentamente em alien. Uhhhhhhhhu. Ele passa a ser então o objeto mais precioso da Terra, o único humano mutante e, portanto, capaz de operar as cobiçadas armas. O maior bem do planeta é então caçado pela tal ONU. É uma associação livre ao filme A Mosca e a Metamorfose de Kafka. Não preciso dizer onde Wikus procura abrigo.
A TRAMA que parece ridícula pela sinopse é muito mais que uma historinha previsível. Criativa e recheada de frescor, dá uma guinada na banalização esquemática desse tipo de produção. Logo nos vemos, meio a contragosto, afeiçoados tanto ao humano mutante quanto ao repugnante Alien Professor Pardal e seu filhinho, um fofo esquálido, que herdou a genialidade paterna. O maior desafio do filme era esse: fazer com que aquelas criaturas nojentas fossem aos poucos criando empatia com o público. Bingo!
A POPULAÇÃO de Johannesburg aparece dando depoimentos verdadeiros sobre uma situação muito próxima do apartheid. Campo minado, numa ferida ainda aberta que desde de 1994 tenta cicatrizar na África do Sul. Por isso o filme vem gerando polêmica na África e no mundo. Autoridades locais tem se pronunciado indignados com a similaridade da situação dos alienígenas com o que acontece pelo continente afora.
TODO e qualquer bafafá gerado por uma produção hollywoodiana é sempre muito bem-vinda pelos estúdios. Se isso contribuir para levar mais espectadores a Distrito 9, melhor. O público saboreará um filme único e incentivará uma continuação já alinhavada nos últimos minutos da película.
O FILME-SENSAÇÃO do verão americano, consumiu apenas U$ 30 milhões, uma bagatela para as produções do gênero e se pagou em apenas 3 dias de exibição. Quando vazou na Web ultrapassou 1 milhão de downloads em 24 horas. Tudo embalado pela invejável produção de Peter Jackson, diretor da trilogia O Senhor dos Anéis. Toda essa simplicidade garante que Distrito 10 vem por aí com força e barulho.

Muse and Mika II

COMEÇANDO pelo Mika. O disco novo é um pouco diferente do primeiro lançado no Brasil. Vem com um pouco menos de eletrônica, menos dançante, então. Mas nada que tire o brilho desse artista em efervescência. Se valendo novamente da ópera e da chanson francesa ele faz um POP como poucos com refrões espetaculares. Vindo de uma infância atravessada pela guerra do oriente médio, chegando a Londres na pré-adolescência para lá viver e compor, é impressionante como essa experiência pouco interfere nas suas músicas. Vencer esse passado não é pra qualquer um. Apesar de que, crescer na guerra não deve ser muito diferente de crescer no Rio de Janeiro, onde criminosos derrubam helicópteros e as crianças também crescem no caos. Voltando, grande disco em um ano em que a produção musical anda meio meio.
O Muse faz um som grandiloquente apoiado na voz grossa e épica do vocalista. O início do disco é repleto de canções que grudam no ouvido e dizem ao que vieram. A outra metade fica reservada a experimentações e a incursão perigosa no progressivo. Eles se saem muito bem. É uma parte para ser digerida aos poucos, mas que só acrescenta vida longa a um CD poderoso.
Se a produção musical continuasse nesse nível o ano poderia ter esperança de não passar em branco.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

MUSE AND MIKA

Hoje comprei os novos cds do Muse e do Mika. O Muse eu ainda não conheço e só comprei por causa do frenesi em volta desse novo trabalho, pricipalmente pelos temperos eletrônicos nas 3 faixas finais que flertam com o famigerado ópera rock progressivo.
Já o Mika é aquele gracinha que dá vontade de ter como o melhor-amigo-gay. Pela capa se vê que o trabalho mais recente deve seguir o padrão do último. Se for assim, é gol mundial again.
Agora vou me dedicar à audição religiosa a esses caras e depois conto a experiência sensorial.
Ademais que eu vou em frente.

sábado, 3 de outubro de 2009

LARS VON TRIER PERTURBA EM ANTICRISTO

EM tempos de Twitter e busca frenética por ser um dos primeiros 100.000 a ter o Google Wave é no mínimo desafiador assistir a duas horas lentas na tela. Especialmente com apenas dois atores em cena. Mas isso é tarefa realizada com maestria pelo genial Lars von Trier. O diretor dinamarquês, realizador da obra-prima Dogville (2003), estrelado por Nicole Kidman num cenário fixo atuando num imenso palco preto e o musical Dançando no Escuro (2000), que provocou crises homéricas na visionária Bjork, volta à polêmica.
DESSA vez Von Trier testou o terror com pitadas de sexo explícito. As cenas "adultas" se inserem perfeitamente num roteiro que mistura paganismo, mutilação da carne e da alma, histeria, morte, maldade atávica, teologia, psicanálise, seitas medievais e natureza selvagem. Durante 110 minutos reina o caos. Referências a O Bebê de Rosemary (1968) e, principalmente, O Ilumimado (1980) aparecem consciente ou inconscientemente, tanto na morte prematura do filho, como no isolamento na cabana, cercada pela floresta, o Éden.
EU não vou contar o enredo, nem memo fazer uma sinopse porque o filme merece ser visto na telona e não contado rapidamente, pecado mortal. É, sem dúvida, o melhor filme de 2009 so far. Willem Dafoe volta à forma conhecida no espetacular A Última Tentação de Cristo (1988), onde ele protagoniza um Jesus histórico e nem tão assexualizado. Já Charlotte Gainsbourg comprova sempre que traz os genes de seus pais aprimorados. Criativa e ilimitada tanto como atriz quanto cantora e compositora. Os dois ARTISTAS, na ampla e exata definição de seu oficio, não se furtam ao direito e ao prazer nas cenas de sexo. Corajosamente se expõem ao limite máximo do explícito, quebrando um tabu no cinema não X-rated, confinados em videolocadoras obscuras, mostrando seu sexo cirúrgico.
ANTICRISTO vai deixar qualquer um cheio de interrogações e de necessidade de pensar e repensar, verbos cada vez menos conjugados nesses tempos decadentes e risíveis. Como qualquer filme que tem o que dizer, tudo que se passa na tela e na trilha tem significado(s) e acontece porque deve acontecer. É como se acompanhássemos a decupagem em tempo real. As cenas em câmera lentíssima poderiam estar no acervo permanente de qualquer grande museu do mundo.
SE tudo isso não for o bastante para levar você ao cinema é porque você deve preferir um aborto que deu errado como o Metrô 123. Não esqueça de desligar o celular e desconectar o Twitter. Bom filme.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Paulo Francis

MINHA adição ao Paulo Francis começou nas suas participações cruelmente hilárias no Jornal da Globo. Logo em seguida, ainda nos anos 80, virei leitor do Diário da Corte na Folha de São Paulo. Na época eu nunca tinha lido aquelas coisas em lugar nenhum, especialmente num jornal. Pra quem sempre gostou de atirar pedra, o elo foi imediato. Era realmente incrível o que ele escrevia diariamente naquela página imensa da Folha. Em uma mesma matéria discursava sobre a ralé cultural brasileira, discorria sobre história remota ou contemporânea, para arrematar com Freud, Lacan, ou os dodecafônicos.
O homem era um Google orgânico. Claro, tinha coisas que ele não sabia, mas como ele mesmo repetia - se eu não conheço é porque não importa. Grande Francis. Ninguém depois dele tem coragem para dinamitar a tudo e a todos sem disfarces nem floreios. Medalhões, quatrocentões, governo, tudo era dizimado até a ultima letra.
DIFERENTE dos mortais, criatura especial desde a juventude saboreada no auge do RJ nos anos 50, vivia cercado da nata intelectual e boêmia da época dourada. Jornalista desassossegado e indignado, abandonou o Brasil nos anos setenta, obedecendo ao "ame-o ou deixe-o". O auto-exílio em NYC foi definitivo.
MINHA loucura por Manhattan só aumentava com as notícias de Francis. Nos anos 90, o GNT completou a conexão. Todo domingo durante uma hora o desmedido Paulo Francis falava tudo o que queria, batia na mesa, cantava, dava seu show. Mas falou demais no Manhattan Conection. A Petrobrás não gostou e processou o jornalista e a liberdade de imprensa numa ação milhonária. O coração de Paulo Francis não resistiu à pressão. O problema com a Petrobrás acabou levando Francis muito antes da hora. Em homenagem a ele, visitei seu edifício na 3th av e olhei para o alto, na cobertura onde ele morava com sua esposa, Sonia Nolasco e seus gatos. Mal havia completado um mês de sua morte e a minha relação com a cidade ficou diferente desde então.
SOBRARAM seus livros e vídeos. Seu valor profissional é inconteste, quer se goste ou odeie aquela figura polêmica. A imprensa nacional hoje em dia está toda enfileirada em cima do muro, causando nenhuma polêmica.
WAAAL, que saudades.

Erotismo

A função do erotismo é provocar ereções em homens e provocar em mulheres o que for equivalente. É preciso acabar com esse mito de que o erotismo é como qualquer outro drama ( um conflito qualquer ). Não é. Se você vê duas pessoas fazendo na cama, a reação correta, se a cena for erótica, é que você se sinta excitado. E o erotismo, desde que não imposto pela violência, é curativo. É sexo sem complicações. O problema de toda relação sexual é que A começa a querer moldar B à semelhança de A e vice-versa. ( Paulo Francis, Folha de São Paulo, 25/08/84)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

GREEN DAY, SPARKLING NIGHT

Green Day faz show high-tech em volume máximo
Fotos: Divulgação
GREEN DAY, SPARKLING NIGHT. AMERICAN AIRLINES ARENA. AGOSTO, 4, 2009. Show do Green Day em Miami.
Mal aporto na cidade e fico sabendo que no outro dia teria show da minha banda punk rock preferida. Não podia acreditar, coincidências assim não me acontecem nunca. Incredulamente descobri que ainda havia ingressos. Era a minha vez de conferir o fenômeno Billie Joe Armstrong live por apenas U$ 49,50. Sinto por minha irmã não estar comigo, ela mesma meu vetor para conhecer os meninos de She e Paranoid, tocadas só no violão num momentinho solo. Billie + voz + violão. Mas primeiro o início. A parte João Gilberto ficou para o primeiro bis. O AAA é um imenso ginásio high-tech com seis andares altíssimos divididos em três níveis. O meu era o quinto, pouco recomendado a quem sofre de vertigem. Capacidade: 19,6 mil espectadores.
Kaiser Chiefs faz seu competente show de abertura, não esquecendo de citar a atração da noite entre as músicas, dando uma de simpático para o pequeno público que chegou cedo. Os Chiefs iniciam pontualmente às 20h e o vozeirão de Ricky Wilson faz o megateatro silenciar.
21h cravadas, AAA 90% cheio e a hecatombe começa. Desnecessário dizer que o público cantou junto e respondeu a cada provocação do incontrolável Billie Joe. Sua figura baixinha, debochada e desbocada se agiganta e ele ziguezagueia dementemente pelo palco, seu território. Invade a platéia várias vezes e chega a outros territórios desnorteando o batalhão de seguranças. Ele é o enterteiner da galera prioritariamente teen presente. Brinca com metralhadora lança-chamas, e com uma bazuca acrílica transparente dispara várias camisetas prensadas em todas as direções e pontos do estádio. Empunha outra pistola e dispara rolos de papel higiênico em cima da pista. Com um mangueirão, molha o pessoal da pista, simula masturbação, numa peformance mix Jim Morrison/Madonna, faz sexo com o assoalho. O público a-do-ra. O Green Day pesado também sabe brincar.
Mas nem tudo são flores. A banda sabe seu lugar. Hits e músicas novas são tocados à perfeição. Billie Joe e seus dois amigos formam um relógio suíço daqueles, auxiliados por mais três músicos e não uma, mas duas imensas mesas de som instaladas em um palco absolutamente fantástico. Cascata de fogos de artifício, chuva de confetes e inúmeras explosões literalmente incendiando o palco e acompanhando a batida da bateria. Completando tudo, um telão gigante formando imagens tudo a ver com a arte de 21st Century Breakdown, como o globo holográfico onde, ao invés de brilhar os quadradinhos de espelho, brilham caveiras - ora reproduzindo com muitos efeitos o que acontece no palco, ora servindo de pano de fundo obscuro, misturando técnicas de imagens inventivas, provando que ainda é possível ser novo em duas dimensões.
23h30min em ponto, o melhor show visto por mim até hoje termina com a certeza de que existe vida longa além de American Idiot. Palmas para Billie Joe, Tré Cool e Mike Dirnt, os greeners cantando e tocando sempre no volume máximo.
>>>>> Veja mais fotos e vídeos >>>>> Leia mais sobre Green Day : Fotos do show de Miami e texto também publicado no Clic RBS - blog Volume
Postado por Fernando Fantinel, direto de Miami às 08h59
(Horário de Brasília)
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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Minha Tríplice Santíssima, ou Cada um tem o Deus que quer ter.

THE CURE
Já me acabei de elogios e exposição de intimidades nos textos sobre o Morrissey e a Marina. Como não fechar o trio fantástico com o Bob Smith e o seu mitológico Cure ?
.O THE CURE invadiu a minha vida antes do Morrissey e da Marina. Tudo foi culpa do Marcelo, um ex amigo meu do colégio. Devíamos ter uns 14 anos e aquelas letras cheias de melancolia e tristeza acompanhadas por uma música sublime num mundo cinza-chumbo eram tudo que queríamos ouvir. Me lembro da louca da mãe do Marcelo me perguntando com total desentendimento da situação: meu filho, por que o Marcelo só ouve essas músicas tristes ? O que eu poderia responder para aquela mãe sem noção ? É o que ele gosta, respondi eu, encerrando o assunto.
.ERA DO que eu gostava também. Junto com o Cure veio Kraftwerk, Laurie Anderson, Jean Michael Jarre e Cocteau Twins.
Já vi num desses insuportáveis programas insuportáveis sobre ídolos do rock dizerem que a voz, o jeito de cantar e o cabelo do Robert Smith são reconhecíveis no meio de um trilhão de pessoas. Verdade total. O vocal é muito único e inimitável. Ninguém canta daquele jeito doce, alto, sussurrado e desesperado, como se fosse um gato sendo torturado dentro de uma lata de metal jogada de um penhasco durante uma nevasca. Todas as músicas possuem uma textura própria mas sempre com a mesma assinatura. Pra mim, o que constrói uma obra de arte é essa sucessão de assinaturas trabalho após trabalho. É uma banda de texturas por definição. Uma música dele, mesmo sendo inédita, começa a tocar e você sabe, isso foi trabalhado, tecido e composto pelo Robert Smith. Falar em The Cure, depois de tantas décadas de formações diferentes não me parece exato ou justo. The Cure é Smith.
.NOS ANOS 80 todo mundo queria vestir as roupas desconstruídas e usar o cabelo e a maquiagem dark, leia-se, The Cure. O mundo copiou e levou a sério. O preto cobriu o Ocidente de norte a sul. Dezenas de sub-cures acharam seu lugar nas rádios mundo a fora. Isso deixava os fãs como eu e o Marcelo pra morrer. São surfistas, não entendem um verso de qualquer música, mas adoram In Between Days, como assim, esbravejavo-mos ? Mas era moda e moda passa logo. Passou. A produção smithiana continuou prolífera como sempre. Respiramos aliviados e continuamos garimpando lados b, regravaçõs, gravações raras e imagens smithianas. As minhas viagens para NY facilitaram tudo e depois com a internet, todo mundo sabe.
.NÃO DÁ pra escrever um texto sobre essa banda e conseguir não citar o clássico visual exdrúxulo do nosso band leader. Quem o vê pela primeira vez, estranha, pra dizer o mínimo. Mas se acostuma um segundo depois. É quase impossível conseguir uma imagem de Robert Smith sem maquiagem e sem cabelo arrumado (?!). O batom vermelho nunca dentro da linha dos lábios, o olho preto marcadão e mal delineado e o cabelo negro meticulosamnete desgrenhado são as três marcas campeãs nas infinitas caricaturas. Marilyn Manson orgulhosamente nunca escondeu que seu visual é pós Smith. O pessoal do Panic at The Disco idem. O som é imitado, inspirado e reverenciado por milhares de bandas pelo planeta. The Killers, um dos meus favoritíssimos adora soar The Cure e canta aos quatro ventos o viés inspirador da banda em seu trabalho. As bandas novas e velhas não plageiam o Cure, seria impossível. Elas adoram reinventar. Algumas, como o Killers conseguem.
É estranhíssimo que com todo peso das letras e da música , Bob Smith tenha recebido o apelido de Theddy Bear. Fofinho como um ursinho de pelúcia, ele nos deixa sem direção. Como um cara tão fofo canta coisas tão obscuras, já perguntaria Marcelo's mother. É, as aparências enganam mesmo.
.EU OUÇO música o dia inteiro, já disse. Pra mim o silêncio é música. Eu ouço The Cure todos os dias e me policio para não ficar preso às lembranças da adolescência. É sempre para lá que sou arrastado por um Bob Smith eternamente jovem. Mesmo ouvindo o novo cd lançado nesse ano, meu pensamento com o The Cure sempre retrocede aos anos 80. Sempre. Essa década nunca acaba mesmo. Rewind total. Naquela época o The Cure eclodia uma confusão de sentimentos em mim. Esperança, desesperança, encontro, descentralização, futuro, idade. Tudo sem absolutamente nenhuma resposta. Ainda é assim hoje. E sendo asim, tudo fica mais estranho ainda porque os tempos se misturam. E quando tempos e lugares se embaralham você não sabe mais quem você é nem onde você está, nem nada. Mas você sabe que aquela música, aquela melodia, localiza você como uma bússola apontando sempre na mesma direção.

E o carro que parece uma carroça, coisa nossa, muito nossa.

0ºc. Se você mora numa cidade do Brasil que realmente faça frio, você sabe que nossas casas parecem um casebre. Coisa nossa. O chão, as janelas, os vidros, os banheiros, tudo é construído sem o mínimo de visão para o inverno gelado. O inverno meia-boca dá pra levar, mas quando o termômetro despenca o bicho pega. E daí passamos alguns dias experenciando como deveria ser viver em cavernas, sim, porque tudo fica gelado. A temperatura interna nunca é muito superior à externa. De nada adianta ligar o ar condicionado no quarto e ter que passar por uma sala que mais parece locação da Era no Gelo IV e chegar numa cozinha onde se pergunta : por que essa geladeira está ligada, afinal ?
- 1 ºC. Essas são as nossas casas. É caro ligar todos aparelhos de aquecimento de uma vez só ? Sim. Mas será que ligar - todos - por alguns poucos dias de inverno vai quebrar o orçamento de alguém ? Por favor! Isso não tem nada a ver com dinheiro, na maioria dos casos. Quem já não foi em casas atapetadas de splits, com lareiras lindas e ... nada ! As pessoas simplesmente não usam. ENTÃO POR QUE COMPRAM ????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????
- 2 ºc. Então tá um daqueles dias e você tem que fazer uma visita para aquele amigo que além de não ligar nem o bico do fogareiro ainda gosta de arejar a casa. Aqui no sul as pessoas amam o tal do arejar a casa, é uma febre, um craving. Ok, é saúde, ok, mas dá pra arejar sem eu ter que estar presente nesse vendaval direto dos Andes para o meu nariz ? Meu, tá fazendo 11 (onze) graus lá fora, animal ! Gente assim tá fora da casinha, do condomínio, do universo. E aí você conversa, brinca com a filhinha dele, janta, toma cafezinho e vai pegar seu carro, sem em -n e n h u m- momento ter tirado o casacão com aqueles três blusões de lã por baixo e ainda se arrepende por não ter colocado duas ceroulas ao invés de apenas uma. Isso pra mim, é tratar mal uma visita. E ainda acham que as pessoas ficam muito resfriadas no inverno. Ah, por que será ? Dentro ou fora dos lugares, parece que estamos sempre na rua, no tempo e no vento. Esse pessoal deve ter Ana Terra como heroína.
- 3°C. O mais revoltante é que as pessoas tem aquecedores e o escambau, mas simplesmente não usam. O gaúcho, que é o povinho que eu mais conheço, é mmmmmmmuito pão duro, as coisas passam do limite.
33ºC. Bom, pelo menos no verão a situação aos poucos está melhorando. Quando a meteorologia prevê uns 28 graus já tem gente que começa a tirar o pó do seu ventilador Arno três pás. É, tomara que o verão chegue logo.

terça-feira, 21 de julho de 2009

THE LAST TIME I SAW YOU

THE 1st time I saw you
I did try hard to burn my eyes
life was but a sad dream
I was but a sad breath
but you were somehting like sand
when sunliht hits the sea
THE 2nd time I saw you
I was about to hit the road
I asked could you wait for me
you said life ain't a highway
better if we been born
as siamese songbirds
THE 3rd time I saw you
we went to the bar
all steady hot beers
sorrowlful monkeys
big eyes laughing
wish I had not held hands
THE 4th time I saw you
it was like I was gonna die
I was waiting outside
you just had a new boy
asked me why I, I
son wont'you come along
we have no time for another song
wont' you sing along
we have no sea, child
THE 5th time I saw you
he was travelling abroad
and your eyes, they were not here
you just made new friends
while I tried to stop with cigarrettes
THE 6th time I saw you
I was propperly insane
for the whisky I had drunk
for the drugs I'd taken
gimme just one way you will realise
THE 7th time I saw you
you were married again
if I had just once kissed you
things wouldn't be the same
cause surely the sky'd be different
THE 8th time I saw you
I was strumming the guitar
& your ears were not for me
my ears were a-bleeding
the waiter was blind
please someone blind my eyes
THE last time I saw you
was about ten a.m.
you approuched me in a strange car
and finally kissed me
then did wave goodbye
before you disappear
sometimes I ache, baby
you should be hard enough to stand
but our songs they just drown me
coming back from work
having sour breakfast
seasick from your chest
Helio Flanders

THE LAST TIME I SAW YOU

segunda-feira, 20 de julho de 2009

L U C I A N A

Luciana Stein. Não sei por qual razão eu preciso escrever teu sobrenome, mas acho que fica mais fiel assim, sei lá.
Por onde começar, meu deus ! Minha alma quase gêmea. Uma das minhas âncoras nessa vida estranha e má.
Eu e o Flávio brincamos que a Valesca e a Luciana são praticamente a mesma pessoa. Elas odeiam esse comentário, óbvio, mas nas poucas vezes em que se viram, devem ter percebido uma coisa , assim, sabe, uma coisa ? Todo mundo me chama de Fê, mas as duas me chamam de Fer ...
Que difícil falar de ti porque é me desnudar também. Ok.
Nos conhecemos na faculdade e a coisa foi evoluindo, evoluindo e hoje chegamos nesse ponto sem volta. Que bom.
Será que eu vou conseguir dizer coisa com coisa ?
Bom, lembro das nossas saídas no tempo de faculdade em que eu era proibido ou liberado para reclamar. Combinávamos pelo telefone a medida das minhas reclamações para aquela noite. Se eu estivesse num dia muito pesado, decidíamos deixar o encontro para outra hora. Isso foi decisivo na construção do nosso relacionamento. Essa palavra foi estranha, relacionamento - talvez mais do que uma amizade nós tenhamos um relacionamento. Que medo.
Lembro com saudades, muitas, das nossas tardes folhando revistas. Situação revisitada quase 20 anos depois no primeiro apartamento dela em São Paulo. Só que agora isso acontecia tarde da noite, depois do nosso dia de trabalho. E ali também vinham dicas subentendidas pro meu trabalho. Moda e roupas. Consumo e perguntas. Nossas jaquetas Perfecto. Tínhamos mais tempo, nos encontrávamos mais e a vida ainda não tinha nos atropelado tanto. Lembro sempre, e já conversamos sobre isso, da nossa reação boquiaberta depois de assistir O Exterminador do Futuro, que engraçado, né ? Tenho saudade dos teus vestidos de florzinhas miúdas. Das pessoas que eu conheço, a Lu é a rainha do estilo e até hoje certas coisas me surpreendem. Sempre tudo tão acertado e nunca perfeito, como deve ser.
Essa pessoa linda me elogia sempre. Isso me faz muito bem. Mesmo nesses anos todos morando em SP e viajando o mundo nunca me sinto desacompanhado e sei que a recíproca é verdadeira. Só de pensar que ela existe, eu respiro mais aliviado através desses dias que ela bem conhece. A Lu é a pessoa mais confiável que eu conheço. Incapaz de pensar ou fazer mal a niguém. Mas nem por isso boazinha ou poliana, senão jamais poderíamos ser amigos.
Ela e o Flávio frequentaram durante anos o mesmo psiquiatra e isso por si só significa tudo que significa.
Nós também já viajamos juntos. Miami, NYC. Mas faltam muitos outros lugares e tomara que um dia a gente consiga visitar alguns. A Luciana conhece um monte de países e lugares nesse planeta. Nunca me esqueci das histórias das viagens pra Tókio e Cape Town.
Nos vemos bem menos do que gostaríamos. Mais por minha culpa do que dela, admito publicamente. Mas tenho melhorado e começo a respeitar mais o Tempo.
PS: O teu cabelo natural, como da última vez que nos vimos é o melhor. Já ccccccccccansei de te dizer isso. Essa foi a última vez.
PS: Amanhã te ligo.

M Ô N I C A

Antes de pensar no que escrever sobre a Mônica já me dá vontade de rir. Não sei porquê. Acho que porque odiando a tudo e a todos acabamos sempre rindo por sermos tão ridículos. Mas cortamos cabeças e costumes por prazer, sem se preocupar com o veneno. A reclamação corre livre, leve e solta. Nos damos esse direito e esse prazer. E é muito engraçado porque sabemos que nossa irritação não nos leva a nada. Depois de séculos de terapia já aprendemos o básico, but we can't help it. Irritamos a todos a nossa volta com nossas opiniões tão positivas. E nos olhamos e rimos, porque pouco se tem a fazer com a mediocridade que aumenta em progressão geométrica. E nos fechamos.
Nos conhecemos na faculdade e seus olhos acusadores me perturbavam. Por que aquela figura tão bonita e esguia nos seus jeans pertados criticava tudo, exatamente como eu. Uma chata, como eu. Incompreendidos, ingênuos. Era 1988 e nós sabíamos tudo e já tínhamos vivido tudo de ruim que o mundo poderia apresentar. Achávamos que sabíamos, mas a verdade é que de lá prá cá as coisas não mudaram muito e o que nós achavámos meio que continuamos achando. Fiéis a nós mesmos, gosto disso. Batemos a cabeça em ponta de faca, mas não queremos mudar. Mas precisamos. E agora ?
Mas ela não é só isso que talvez eu tenha pintado até aqui. C'mon. Sorry, Mô.
Ficamos um tempo separados por conta dos seus anos em Londres. Foi na volta dessa temporada que ficamos amigos mesmo. Rapidamente. E a Mônica sabe ser amiga, eu também sei e isso nos é raro. Ah, as pessoas. Passamos por momentos pesados juntos que só uma só amizade forte comportaria. Nós adoramos ver e falar mal das novelas. Adoramos inverno, livros, remédios, doces, BBB, a língua inglesa, os ingleses, Londres, gatos, cinema, internet. Ela é minha assistente de computador de plantão e a maior responsável pela existência desse blog.
Obrigado querida e boa sorte pra nós.

V A L E S C A

Essa Valesca é um caso mmmmmmmuito a parte. Como tu pode ser tão louca ? Loucura boa, deixemos bem claro.
Nós nos conhecemos nos anos 90 numa academia. Nosso relacionamento começou mudo. Foram só olhares. Uau ! Na verdade nossos olhares eram só ironia, criticando, claro, nossas colegas de puxar ferro. KKKKKK. Em seguida começamos a conversar e vieram algumas caronas, thanks colega.
Anos depois ela me disse que me sacou na hora, inteiro. Ela tem essa capacidade. Temos uma conexão daquelas que não se explica. É frase feita, mas é verdade.
Tenho certeza de que nossa amizade se eternizou num momento de muita dor. Foi quando o grande herói da Valesca, seu pai faleceu. Foi tudo muito difícil, mas no fim tudo se resolve, sempre. E as lembranças não acabam, nunca. Eu e o Flávio já tínhamos passado por isso e sabíamos o que ela sentia.
Nos vemos muito menos do que gostaríamos, mas talvez esse seja o segredo. Nossas noites no seu apatamento, que eu adoro, tem muita Coca Light, sarcasmo, água e tudo que não deve engordar (ecxeto o chocolatinho de sempre). Tem também as infindáveis alfinetadas trocadas entre o Flávio e ela, que são puro amor. Essas noites me dão um prazer como poucas coisas me proporcionam.
Eu não gosto de ter amigo feio. É uma falha minha que ainda não consertei. Que me desculpem os feios. A Valesca é linda, mas, -segredo- do que eu mais gosto nela é da voz. Por falar em gosto, também temos um gosto bem parecido, quase igual. Ela adora mostrar as últimas compras da sua nova fase não-consumista. KKKKK. Hello, né Valesca ? É muito engraçado. Mas eu adoro ver tudo. Rápida, sarcástica, irônica, bem informada e super antenada no futuro. Se ela tivesse uma agência de tendência seria um sucesso. Chega de rasgação de seda.
PS: Seu maior e incorrigível defeito é detestar os Estados Unidos.
Queridíssima, obrigado pelo montão de portas que tu nos abriu, isso sempre vai significar muito pra mim.

J A N E

Se ainda não faz 20 anos que nos conhecemos, está muito perto disso. Para o Flávio foi amor a primeira vista, pra mim também. Ele foi vender para Jane e voltou entusiasmadíssimo. Tinha conhecido uma pessoa maravilhosa e eu TINHA que conhecer. Tu vai adorar ela, me disse ele. Não deu outra. Ela era e é nossa cliente mais antenada. Suas opiniões e conselhos sem papas na língua sempre me ajudaram muito. Essas dicas eram um termômetro para o meu trabalho no princípio de tudo. Eu e ela temos o mesmo gosto estético e isso facilitou muito. A Jane tem uma relação especial e admirável com o dinheiro e essa aula segue até hoje. Calma, ela não é uma professora. Ela é especial. A cada visita nossas conversas cresciam e se estreitavam. Jantávamos, ela cozinha como ninguém, assistíamos televisão e conversámos sobre qualquer coisa. A amizade começou tímida e hoje é do tamanho do mundo. Vamos ao cinema, a restaurantes e é ótimo estarmos juntos.
Nossos encontros eram sempre a noite, não raro rolando até as duas da manhã. Acordar cedo no outro dia ? Detalhesinho menor. Tentávamos sempre chegar bem cedo pra podermos ficar mais tempo juntos noite afora.
Nesse domingo estávamos lembrando nossa viagem para o RJ na virada do milênio e rimos muito. Nos divertimos na areia de Copacabana. Já viajamos juntos pra Miami também. Ambas as vezes foram muito legais. Se uma amizade resiste a uma viagem ... , imagina a duas. Ainda não conseguimos realizar o sonho de correr juntos pelas ruas do Soho, quase deu nesse ano, mas problemas de data e de trabalho fizeram nossas viagens se desencontrarem. Nós amamos NY e Buenos Aires.
A Jane mudou de casa e de bairro há um mês, mas entre nós, nada mudou. Vibramos sinceramente com nossos sucessos e admitimos sem reservas nossos problemas. Surpreendentemente pra mim, me sinto muito a vontade com ela e me sinto meio de casa. É uma amiga, mas também é meio mãe. As portas estão sempre abertas.
Um beijo do seu amigo e admirador nada secreto.

sábado, 18 de julho de 2009

MAIS SOM MAIS FÙRIA

QUAL é o segredo de Som e Fúria ? Ser adaptado a partir de uma montagem canadense - Arrows and Slings , ser uma parceria da Globo com a O2 Filmes, o elenco, a trilha, o figurino impecável, o revesamento de diretores a cada episódio, o teatro como personagem onipresente, o Felipe Camargo, o roteiro, a edição, os flashbacks, a liberdade ? A resposta deve ser tudo isso, mas especialmente a liberdade. A mesma liberdade que o "diretor" Dante ( a melhor encarnação de Felipe Camargo ) saboreia na série foi inspirada ou inspirou o resultado que se vê todas as noites, de terça a quinta em algum horário que ronde as 23 hs.
O programa me lembra o teleteatro que a Globo exibia no fim dos anos 70, liberdade e seriedade na montagem de clássicos e vanguardas. Coisas que o teatro é mestre e melhor veículo. Um tempo que se foi. Som e Fúria, é o tataraneto ressucitado de uma iniciativa de qualidade há muito esquecida, soterrada e morta pela própria Globo. Uma fresca surpresa parecida com os ventos de renovação de costumes trazidos por Malu Mulher.
2009, ano em que a Globo apresenta as piores novelas de toda sua história, descendo ladeira muito abaixo, a produção de Fernando Meirelles vem levantar o moral do pessoal da casa ex-toda-poderosa.
ALÉM das interpretações poderosas e afinadas do elenco fixo, as participações especiais são um acessório luxuoso. O escrachado e pérfido deboche a Gerald Thomas como Osvald Thomas ( Antonio Fragoso) leva Palma de Ouro. Fernanda Montenegro, Wagner Moura, ponto. Juliano Cazarré, o boy toy Kleber de Ellen ( Andréa Beltrão) que desde o filme A Festa da Menina Morta comprova que é muito mais do que um corpão. E, claro, Rodrigo Santoro, revelando toda perversão, crueldade e genialidade da publicidade. A análise de dois minutos que seu personagem fez de um mudo Ricardo Dias (Dan Stulbach) explica por que poucos publicitários brilham tanto e nunca recuperarão seu ego. E ainda vem por aí Débora Falabella e Leonardo Miggiori.
NÃO tive coragem de googlar e me informar quando esse delírio da TV brasileira acaba, mas uma segunda temporada não está descartada. Viva !
BEM, não resisti e fui ao Google resolver a questão da segunda temporada. Após os 12 capítulos da temporada inicial uma segunda parte não está descartada. Para isso é importante que a média de 20 pontos seja mantida no cômputo geral de audiência, o que é considerado sucesso absoluto para o horário das 23 hs. Som e Fúria tem atingido uma audiência tímida, característica de entetenimento de qualidade.
O segredo de Som e Fúria ainda não está bem claro, mas quem se importa ? O importante é que esse segredo esteja bem guardado.

H E M I S F É R I O

esquenta o coração refeito
espero poder retocar
o que havia entre nós dois foi
tiroteio e espinho-canção
eu cederia aos teus pecados
se acaso quisesse chorar
escreveria os mesmos passos
só me salvo com a arma na mão
pesa mais que um hemisfério
é usar o teu vestido
te trazer pra perto
bordar as tuas iniciais
no cais
dos meus braços
liberdade pra quem queria
só as tuas grades e tua avenida
a falta é irresponsável
se for pra te incendiar, eu
derramo essa chuva
divido o rio que eu tiver
e esqueço a cidade que queimar depois
você fingindo ser doloroso
e eu lembrando do céu
do mesmo abismo que vim voltarei
baculejado de dor e tempestade

Hélio Flanders

terça-feira, 7 de julho de 2009

SOM, FURIA E FELIPE CAMARGO

____sOM E fURIA, CUIDADO ! nÃO CONFUNDIR COM A PEÇA MULTIMÍDIA ARGENTINA, ESTRONDOSAMENTE PREMIADA NAQUELE PAÍS, ATUALMENTE ARREBENTANDO EM ny.
____MUITO BEM ! nÃO É MAIS SÓ DE iN TREATMENT (HBO 21:00 - SEG A SEX), cALIFORNICATION ( WARNER 22:00 - QUI) E ePITÁFIOS (HBO 23:OO - DOM) QUE VIVEREI NOS PRÓXIMOS DIAS. MINHAS TRÊS SÉRIES FAVORITAS - SE VOCÊ NÃO SABE DO QUE ESTOU FALANDO, VOCÊ NÃO SABE nada, - AS MELHORES EM CARTAZ, VÃO TER A COMPANHIA DE SOM E FFFFURIA. eU JÁ FUI VICIADO EM TV, MAS ULTIMAMENTE, HELLO, A COISA TÁ UMA MERDA. mAS TÃO RUIM QUE tOMA lÁ dÁ cÁ SE TRANSFORMA NUM SOPRO DE LANÇA PERFUME, COM SEUS DIÁLOGOS IMPENSÁVEIS E, CLARO, A TARADA cOPÉLIA. NÃO FICO MAIS NA FRENTE DA TV E TENHO PENA DE QUEM FICA E INVEJA DE QUEM AGUENTA. nEM O ENTERRO DO mAICON EU VI. SÓ DE IMAGINAR JÁ ACHO QUE VOU VOMITAR. dAÍ VEM ESSA SÉRIE, QUE NA PROPAGANDA JÁ MANDAVA UMA VIBE LEGAL E DAVA PRA ENTREVER UMA POSSIBILIDADE DE PENSAR. pUXA, QUE SAUDADE, PENSAR.
____nOSSO mICKEY rOURKE TUPINIQUIM VOLTOU BONITO DEFENDENDO COM UNHAS E DENTES SEU PERSONAGEM. cAMARGO EXIBE AS MARCAS DE UMA VIDA CORROÍDA NA CARA. rECONFORTANTE DE QUALQUER MODO, VER UM VELHO CONHECIDO NA TELA. fELIPE cAMARGO É dANTE. FANTÁSTICAS AS BRINCADEIRAS ENTRE O ESTADO DESEQUILIBRADO DO PERSONAGEM E DO PRÓPRIO ATOR, UM PERSONAGEM DO OUTRO. LOUCOS PELO EXCESSO, VIVENDO UMA VIDA FORA DOS TRILHOS. VENDENDO SUA LOUCURA NO VAREJO, CAMARGO NÃO FOI PRA TERRA DO TIO SAM, MAS TÁ VIVENDO SEU TEMPO DE BIG BROTHER. QUEM NÃO SE SUBMETE AO BBB HOJE, TÁ FORA. E ELE JÁ NÃO TINHA NADA MESMO A PERDER. SE ATÉ A VELHICE DO vALENTINO VAI SER DEVASSADA NO CINEMA POR ELE PRÓPRIO, ASSISTIR A DIVERTIDA DEMÊNCIA DE CAMARGO INDOOR OU OUTDOOR É REFRESCO QUE DESCE REDONDO. pARECE QUE ELE VAI SER RESPONSÁVEL POR TODO O SOM E TODA A FÚRIA, DESEMPENHANDO OS GRANDES MOMENTOS DA TEMPORADA.
____ ANDRÉA BELTRÃO, UM DOS MEUS ÍCONES DOS ANOS 80, TB FAZ UM TIPO DE COMEBACK ESPECIAL E BEM VINDO, CHEGA DE mARILDA, ARGH.
____o PRIMEIRO EPISÓDIO ZUNIU COM UMA ENERGIA QUE NÃO SE VIA HÁ MUITO TEMPO NA TV ABERTA. sEM OS CANSATIVOS ECXESSOS EXPERIMENTALISTAS DE o dIA dE mARIA OU cAPITU, DESFILANDO RITMO, IRONIA, E, MILAGRE, SARCASMO INÉDITOS NA TVZONA. eU LI NUMA ENTREVISTA, O bENTO rIBEIRO (FILHO DO jOÃO uBALDO rIBEIRO) , DIZENDO QUE FALTA NA TV BRASILEIRA É JUSTAMENTE SARCASMO, HUMOR NEGRO E MALDADEZINHA, TÃO COMUNS ÀS SÉRIES AMERICANAS. eLE MESMO, SEM SUCESSO, VEM TENTANDO APLICAR A EQUAÇÃO NO fURO mtv.
____SOM E FFFFURIA SUPRE ESSAS CARÊNCIAS. nESSE PRIMEIRO CAPÍTULO FINALMENTE TIVE A CERTEZA DE QUE ESTAVA VENDO UM - P- R - O - G - R- A -M - A - NA GLOBO. E ISSO QUE O ELENCO AINDA NÃO FOI TOTALMENTE APRESENTADO. cLARO QUE O PROGRAMA TEM SEUS PROBLEMAS COMO A mARIA fLOR SEMPRE FAZENDO PAPEL DE mARIA fLORZINHA E A CARICATURIZAÇÃO DOS PAPÉIS DENTRO DOS PAPÉIS. tOMARA QUE O PERSONAGEM DO pEDRO pAULO rANGEL NÃO FIQUE PERAMBULANDO DE FANTASMINHA CAMARADA ATÉ O FINAL DA MINISSÉRIE. iSSO JÁ TÁ MAIS QUE VISTO, INAUGURADO PELO GENIAL/EXCEPCIONAL sIX fEET uNDER E COPIADO NO fORÇA-tAREFA, AQUELA ROUBADA EM QUE O mURILO bENÍCIO SE METEU.
____aTÉ AMANHÃ.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Mourning, black lights

Há um mês recebi a notícia de que um grande amigo meu, de quem eu já não era mais próximo, havia morrido. Foi um choque pra mim como poucos até agora. O acidente de carro foi horrível e nunca se saberá em que condições ocorreu. O carro de Rogério saiu da pista e colidiu de frente com um caminhão. A TV mostrou, o jornal noticiou. Não sobrou nada. Se ele dormiu, estava drogado, ou foi suícidio nunca se saberá.
Nós nos conhecemos na fila do show do Morrissey. Ele era o oitavo da fila, eu o nono. Só esse fato já explicaria nossa aproximação. Mas descobrimos em poucos dias que apesar de termos vidas muito diferentes, tínhamos um conceito próprio e particular a respeito da vida e das pessoas. Fazíamos aniversário no mesmo 02 de junho. Tínhamos essa identificação com a música, com o Morrissey e nós mesmos. Ele trouxe para a minha vida o Suede, eu levei pra vida dele a Marina. Ele fazia ótimos jantares e almoços na nossa casa, eu continuo sabendo ferver água.
Ele tinha dois filhos e eu imagino como isso deve ter sido destruidor na vida das crianças. Eu estava há tempos pra escrever sobre essa morte, mas só ontem criei coragem quando vi no My Space a foto de um cara idêntico ao Rogério. Foi uma espécie de alerta. Eu sou uma pessoa de pouquíssimos amigos e saber que o Rogério existia me dava uma aliviada na solidão de ser quem e como sou. Estou mais sozinho, mais triste. Na penúltima vez que o encontrei ele me mostrou sua nova tatuagem com a palavra silêncio exatamente no mesmo lugar onde é a minha.
Era assim que as coisas aconteciam.
E era assim que eu via acontecer.
The golden lights were turn off.

RUBBER RING ( by Morrissey)

A said factor widely know
How a most impassionate song
To a lonely soul
Is so easily outgrown
But don't forget the songs
That made you s m i l e
And the songs that made you c r y
When you lay in awe
On the bedroom floor
And said: "Oh smother me, Mother ..."

The passing of time
And all of its crimes
Is make me sad again
The passing of time
And all of its sickening crimes
Is making me said again
But don't forget the songs
Tha made you c r y
And the songs that saved your l i f e
Yes, you're older know
And you're a clever swine
But they were the o n l y ones who ever stood by you

The passing of times leaves empty l i v e s
Waiting to be filled
The passing of t i m e
Leaves empty l i v e s
Waiting to be filled
I'm here with the cause
I'm holding the torch
In the corner of your room
Can you hear me ?
And when you're dancing and laughing
And finely l i v i n g
Hear my voice in your head
And think of me kindly

Do you
Love me like you used to ?

domingo, 7 de junho de 2009

Na Cama Sem Vanguart

23:50 - 05/06/ 2009 - saio da minha cama quentinha com forte dor de garganta para enfrentar a noite gelada. Hoje é sexta-feira. Show do Vanguart no Ox, no Ocidente.
COM uma hora de atraso, depois do Pública, a banda entra no palco. A figura esquálida e cabeluda de Helio Flanders assombra o palco. Ele rasga a potente voz para o delírio de uma plateia que sabia e queria o que estava por vir. Ninguém se decepcionou. Palco e público viveram um Grande momento. O vocalista cumpriu a risca sua performance irresistível. Amável, sincero, enfant terrible, conquistador. Ele olha fundo no olho de um menino, depois de uma menina nas primeiras filas de um jeito que faz a gente acreditar, sim, estamos falando a mesma língua e sentimos a mesma coisa. Senti no meu próprio olho. You know me so well, I know you as well. Obrigado Flanders. A projeção está feita pra sempre, o elo. Perfeito para um ídolo rocker. VANGUART é folk rock, é muito mais, é música. A banda de Cuiabá vai se transformando em gente grande na música brasileira. Helio Flanders está no topo do topo da pirâmide dos novos letristas com estilo muito próprio e isso no Brasil de hoje é um caso raro, raríssimo.
NO palco o artista saboreia o seu momento máximo. Vanguart experimenta isso todas as noites. Dorival Caymmi merecia ter vivido alguns meses mais para ter conhecido o arranjo maremoto de O Mar . South America, Miss Universe, Hemisfério, em espanhol, inglês ou português, Flanders é craque em qualquer língua. Impossível destacar os highliths da noite, tudo foi muito bom. Inesquecível foi Enquanto Isso Na Lanchonete e Semáforo, clássico.
A BANDA toca como funciona um relógio suíço.
HOLOFOTES para o guitarrista bom-moço David Dafre e seus passinhos de bandinha alemã. Um Kraftwerk clonado. Tão concentrado estava nos acordes perfeitos, que parecia estar longe. Era incerto se ele estava lá no palco ou lá em outro lugar. No bis a confirmação : ele estava totalmente com a banda todo o tempo. Grande cara. A noite se fortaleceu com a participação de um ok Arhtur de Faria, recebido com entusiasmo pelo público. Sua gaita em Robert foi eficaz e o bar tremeu ainda mais. O clima se alternou entre terremoto, maremoto e demais abalos sísmicos durante as quase duas horas de show.
FALTOU The Last Time I Saw You, mas sem Mallú Magalhães não daria mesmo. O show estava acabando e vieram os inevitáveis "toca Raul" de um lado e o adequado e surpreendente "toca Mallú " de outro, sintetizando o que é o Vanguart. Hey yo vangs !
VOLTEI pra minha cama com a garganta ainda mais estourada e o coração mais quente.

terça-feira, 2 de junho de 2009

CECÍLIA/HENRIQUE - qualquer poema bom vem do amor narcísico (Antônio Cícero)

CECÍLIA.
NÃO VOU TER UMA FILHA CHAMADA CECÍLIA.
SEMPRE imaginei que tendo uma filha ela se chamaria Cecília. Acho a palavra linda e gosto de sua sonoridade, assim como a da palavra silêncio. As duas tem bastante "s". Português é uma língua repleta de "ss" e isso me agrada.
NÂO, não vou ter uma filha chamada Cecília. Não vou sequer ter um filho chamado Henrique. Ninguém pra cuidar, ninguém pra vestir, ninguém pra guiar, ninguém com quem se envolver de verdade, pra sempre e definitivanmente. O elo invisível e inquebrantável. O futuro, o fruto, a continuação bíblica da vida, o descanso para a grande questão humana. O conforto da mortalidade aceita.
NÂO, não, não vou ter uma filha chamada Cecília. Cecília pra me preocupar e perder meu tempo, obrigado Cecília, por me desviar dos meus icebergs de neurose. Obrigado Cecília por me aliviar disso tudo. Sim, um outro mundo é possível, além de Davos. Graças à Cecília. Thanks Cecília. Cecília que falaria línguas.
NÂO não não não vou ter uma filha chamada Cecília. Ela, que provavelmente me arrancaria do fundo desse buraco, reclamando para si uma Vida que precisa ser cuidadosamente cuidada e assistida. Responsabilidade demais pra criança Cecília, um adulto devia saber cuidar de si mesmo. Obrigado Mulher-maravilha Cecília. Obrigado Cecília, agora eu tenho o que fazer e cuidar de você é a melhor coisa do mundo. Obrigado.
NÂO não não não e não, não vou ter uma filha chamada Cecília. Uma menina que chamaria meu nome e pararia tudo. A vida pode esperar e se não poder, dane-se a vida, afinal, Cecília chama. E, se ela chama, tudo pàra.
Não não não não não não vou ter uma filha chamada Cecília para me chamar. Chamar à vida, chamar às claras, chamar à realidade, chamar às favas. Portanto, o mundo nunca vai parar e o tempo vai continuar pequeno e correndo a revelia a anos luz. A palavra Cecília não será saboreada todos os dias, mastigada sílaba por sílaba com gosto, sobrará o silêncio, ela não me chamará e o elo continuará perdido como no seriado tosco. O outro mundo não será possível e o buraco se aprofundará.
NÃO VOU TER UM FILHO CHAMADO HENRIQUE.

domingo, 31 de maio de 2009

COLD COLT

O CÈU ABRIU CINZA. Coragem pra secar os olhos, de novo. Ele sempre vê bobagem e lê dentro de mim no escuro. Roubam-se as palavras. Pouco ainda importa porque a urgência tomou conta do pensamento, do tempo e do comportamento. Desaceleração dos sentidos, menos o de saudade, se é que saudade é um sentido, mas agora já não mais importa. Não importam conceitos, não importa nada. Para que servem as ruas ? Provavelmente é, ou ainda será, o tamanho tamanho de tudo isso. Qual será o tamanho de tudo isso ? Chistes que só podem ser entendidos por quem de fato conheceu, entendeu e achou que viveu. Chistes. Mas esse é um segredo meu e do Morrissey, sorry periferia. Pouco ainda importa. Pouco há o que fazer a não ser esperar, esperar no vão dos minutos. Agora a espera é boss, rainha e capitã. Quase nada pra se fazer sem ter as ferramentas para torcer o destino. O mundo é pouco pra nós. Beat dilacerado, coração perdido num imenso armazém repleto de ecos reverberando em low fi o segundo anterior.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

SIMPLESMENTE FELICIDADE

A FELICIDADE INSTANTÂNEA ESTÁ NA NOVELA. Acredita quem for suficientemente estúpido. No filme Simplesmente Felicidade a coisa não é bem assim. Ali o sério e o engraçado viram alegria. A genuína felicidade de Popy, a protagonista, causa estranheza dentro e fora da tela. Uma pessoa incondicionalmente feliz ?! ? Como assim ?????? A heroína é uma balzaquiana londrina que é feliz, antes de tudo e de todos. Assim, simples, feliz. Quem não gostaria de ver o mundo pelas lentes dela ?
A ABERTURA DO FILME DÁ UMA IDEIA DO QUE VEM POR AÍ. Vemos essa mulher com um sorrisão nos lábios, uma satisfação contemplatória andando de bicicleta pelas belas ruas de Londres. Observando melhor a sequencia nos damos conta de que ela não está andando de bicicleta. Popy está passeando. Aproveitando o momeinto, inteindi ? Chegando ao destino, prende sua bike num cadeado, vai a uma livraria de bairro. Quando volta a bicicleta não está mais lá. Foi roubada. Reação : pena que não deu tempo pra eu me despedir dela, diz Popy, e sorri. É tolo, mas no desenrolar da trama tudo vai se encaixar com muita graça . Tudo por culpa e obra da atriz Sally Hawkins, em um desempenho soberbo, que lhe rendeu um Globo de Ouro. Vamos aprendendo que essa singular criatura é uma ótima pessoa, namoradeira, adora dançar e tem a palavra sim sempre pronta. Professora de crianças de seis anos, se preocupa de verdade com elas. Ou seja, tem uma vida comum, mas encara tudo de um jeito diferente, leve.

MOMENTO DE REFLEXÃO BUDISTA - O que aonteceu conosco que não somos nem uma pálida lembrança de Popy ? O mundo, a vida nos endureceu ? Não acredito. A maldade, a crueldade e a desintegração geral de tudo nos amedronta ? Sim. A televisão dissemina o medo e a competição ? Também. Mas não é só isso. A desesperança é mais fácil. Claro que é. A preguiçosa desesperança. Pessimismo não dá trabalho. Esse chavão é verdadeiro, ser feliz dá trabalho e é meio bobo. É uma dessas coisas que temos que cultivar, regar diariamente. Eu, confesso padre, porque pequei, deixei minha felicidade na maior seca desde sempre. E acho que isso vem acontecendo com grande parte de nós.

È POSSÍVEL EXISTIREM POPYS NO MUNDO ? Será que existem ? Como eu disse lá em cima, no universo televisivo existe. E nossa insatisfação aumenta na medida em que a vida dura de todos os dias vai envergando esperanças e os momentos que eram pra ser bons vão sendo borrados por uma tinta cinza aniquilante. Popy e suas amigas conversam sobre assuntos espinhosos da vida contemporânea com propriedade crítica e clareza. Nada abala nossa Poliana século XXI. Nada afeta seu humor. Nem A Família. Numa briga com a irmã certinha Popy reclama para si o direito de ser como ela é, sem querer se preocupar com aposentadoria privada ou a idade "certa" para ter filhos.

ESTOU ESCREVENDO UM TEXTO CÍCLICO DENTRO DE UM LABIRINTO. As paredes são feitas de perguntas insolúveis, respostas fáceis e afirmaçõse banais. Não sou um expert nesse negócio de contentamento e felicidade. Por isso estou me perdendo. Talvez não devesse escrever um texto conhecendo apenas o lado negro da força. A questão é esse filme ter balançado o meu trono de infelicidade e derrota, aborrecidamente cotidianas. Normalmente estamos bem instalados ali no conforto de nossas convicções e valores absolutos. Ocasionalmente vem um tornado e leva tudo. E agora ? Seguimos nosso castelo de regras pessoais onde somos senhor e escravo ou olhamos para o lado piscando torto para o desconhecido ?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Deixe estar, vai passar

ESSA é uma das músicas que eu mais gosto da Marina. Deixe estar. Com sorte, muita sorte, vai passar. Não se assuste se tudo enguiçar .
INFELIZMENTE EU conheci a Marina muito tarde. Claro, conhecia ela dos hits do rádio e achava bem legal. Daí, um dia, comprei o quinto disco dela. Se arrependimento matasse eu já estaria nas cinzas. Como sempre, comprei tudo que faltava. Voz rouca, cantando as poesias do seu irmão, as vezes só dela, raríssimas vezes de outros. Tudo num "padrão antes". E eu me perguntava como eu não tinha me dado conta desse padrão antes mais cedo. Ela antecipava um conceito, uma visão, um modernismo sem modismo, um estilo de vida com muito estilo, que eu classificava e classifico de antes. Fui picado e daí pra frente, no universo dela fui mergulhando.
MARINA TEM MAR no nome. As letras são recheadas de mar, maresia, marinheiro, marujo, marola, marinho, maré e tudo que o mar possa transformar em versos. Garota Zona Sul. O Rio de Janeiro vem na voz, gravado no DNA. As canções atuais tem sido compostas sempre com bases eletrônicas. O flerte com o eletrônico começou no início dos 80, se transformou em namoro e depois veio a relação estável. Eu adoro. Nessa época o país ainda acreditava que Mutantes eram os eternos modernos, coitadinhos. Não estou discutindo a imensa genialidade dos caras. Ave Mutantes.
A MARINA É MUITO COOL. E essa expressão é rara de ser usada no Brasil. Afinal, quem é cool no Brasil ? Não me ocorre ninguém. A Marina passou grande parte da infância nos Estados Unidos. Na volta definitiva pra cál, com a família, de transatlântico, cantou na companhia de Tom Jobim, que fazia um show em alto mar. Pois é, a estreia no palco foi no meio do oceano. Ela não tinha gravado nenhum disco ainda. Cool.
EU E A MARINA TEMOS A MESMA LOJA PREFERIDA, a Urban Outtfiters, de Nova York. Li isso numa Caras, hehehe. Ela teve uma grande depressão há uns anos atrás. Perdeu os famosos graves em decorrência da fase péssima, mas pra mim não mudou nada. Ficou uns anos sem gravar nada. Era solidão com vista pro mar. O disco seguinte foi oportunamente batizado de Registros à Meia Voz. Foi muito bem recebido pelo público e o cd seguinte chamou-se Abrigo. Era uma referência a acolhida dada pelos fãs, traduzida na vendagem de Registros. O Hotel Marina quando acende em Ipanema brilha mais. Naquela época eu escrevi um texto sobre ela numa revista on line na qual eu tinha uma coluna. O texto acabou nas mãos da carioca através empresária. Marina gostou do que leu. Eu tive uma resposta direta de que tinha pegado o punch da história. Foi muito legal. Aqui em Porto Alegre fui convidado pra ir conversar com ela no camarim do show de Abrigo, mas minha baixa auto-estima foi mais forte. Falei com ela em duas outras ocasiões, mas rapidamente. Ela é muito pequena, magra e branca como papel.
QUANTOS SHOWS EU JÀ ASSISTI DELA, perdi a conta. O mais marcante foi um que eu estava na segunda fila. Tinha extraído os quatro cisos, com anestesia geral, e ainda não estava na hora de sair de casa. O som alto e grave reverberava pelos pontos e vibrava nas cavidades de uma maneira que só quem tirou os 4 cisos de uma vez só e foi ver um show antes da recuperação pode saber. A dor ia e vinha em salvas, aplausos e bis. Eu faço esse tipo de coisa. Como já disse no último texto, eu sou um homem de plateia. Já voltei da praia antes do tempo pra ver a Maria Bethânia, que por sinal, fez sua primeira incursão no mundo da batida eletrônica gravando uma canção da Marina, foi Doce Espera. O resultado tem que ser ouvido.
QUANDO A MARINA PARTICIPOU DO SAIA JUSTA desvendei umas coisinhas sobre ela. Descobria a cada programa mais um pouco daquela personalidade que eu supunha conhecer. E até que conhecia mesmo. Na verdade ela me surpreendeu. A inteligência, o humor, o conhecimento de psicanálise e a maneira de colocar as ideias me empolgaram. Yes. Acredito que a chamaram pro Saia pela sua amizade com a Fernanda Young, e, claro, porque ela tinha a ver com o brain storm show. As duas são amigas e comadres. Marina é madrinha de uma das filhas da histérica, fazida e fantástica escritora.
RECENTEMENTE MARINA FEZ 50 ANOS. Trendy litlle thing. Mais do que uma vida. Amiga e colega de Cazuza. Imagino o que poderiam estar aprontando juntos. Parceira de Lobão, Fernada Porto, Lulu, Adriana Calcanhoto, Caetano, Zizi Possi, Christian Oyens, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Tom Jobim, Rita Lee, Suba, e, claro, Antônio Cícero. Já gravou o ícone multimídia - Laurie Anderson. Pousou nua pra Playboy. Fez temporada de quatro meses em hotel de São Paulo a peso de ouro. Participou de filmes. É habitué de estreias e desfiles. Está gravando todo o próximo cd aqui em Porto Alegre. Foi o primeiro clip da MTV Brasil, inaugurando em terra brazilis a retransmissora americana com sua versão de Garota de Ipanema. Mix da bossa nova com a new bossa. Tom Jobim e Marina, de novo, ela com suas antenas sempre girando, cooptando e captando o Antes.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

MORRISSEY, MEU IGUAL A MIM FAVORITO

TENHO OUTROS IGUAIS A MIM. A Marina está em segundo lugar. Mas o Morrissey é o topo do topo do topo do podium e da minha própria imagem refletida há tanto tempo. No começo dessa história louca, minha amiga de colégio, Patrícia, foi fazer intercâmbio em Londres e trouxe de lá discos do The Smiths. Todas as letras e vocais eram dele. Dele ? Ou meu ? Ou meu e dele ? Bastou. Parecia que eu tinha escrito todas aquelas canções, foi muito desconsertante . Foi como entrar num buraco negro, sem nunca mais me importar com a saída. Nunca vi a luz no fim desse túnel. Thank god.
COMPREI TUDO QUE TINHA DISPONÍVEL DO MORRISSEY NO BRASIL. Todos discos, revistas, tudo. As capas dos discos e a imagem dele são trabalhadas com cuidado pelo próprio, maquiavelicamente. Construiu uma mitologia cuidadosa e sem furos ao seu redor. Como pode tudo nele/dele ser tão gay e tão adequadamente colocado. Ergueu em torno de si uma barreira que toda mídia tenta quebrar já sabendo que vai sofrer uma inevitável derrota. Mas eles tentam, sempre. Frost Morrissey. A língua afiada tem sempre a resposta que escalpela o interlocutor, em qualquer assunto, sobre qualquer pessoa. O desprezo por seus colegas de profissão já gerou todo tipo de confusão e desconforto. Ele mostrava nas entrevistas tudo que eu era e tudo que eu queria ser. Transforma(va) em arte tudo o que eu consigo apenas transformar em reclamação e silêncio. Faz do limão uma limonada azeda ou muito doce, irresistível. Transita entre o pop e o rock como bate o coração, como se respira, como a noite cai.
EU ACHO RIDÍCULO TER ÍDOLOS, LOGO EU. Mas o que eu posso fazer ? Tenho comportamento de fã quando se trata desse homem de olhos azuis e 51 anos. Tem gente que nasceu para o palco, eu nasci para a plateia. Isso me incomoda demais. Tanto como morrer sem nunca ter morado em NYC. E foi justamentei lá que eu vi o Morrissey ao vivo pela primeira vez. Por causa de um dia apenas já tinha perdido um show dele no Summer Stage do Central Park um ano antes. Foi no Beacon Theater. Era 29/02/1999. Dá pra acreditar - vinte e nove de fevereiro de mil novecentos e noventa e nove. Eu tava tão nervoso que do show não lembro ABSOLUTAMENTE nada. Só tenho guardada a cena de muito gelo seco e ele, lindo, de camisa azul e jeans. Que absurdo. Voltei pra Porto Alegre e um mês depois ele se apresentou aqui. O raio caiu duas vezes em mim. O show daqui eu lembro um pouco mais. Pela segunda vez na minha vida assisti a um show grudado no palco. Nas idas a NYC eu comprava horrores de coisas dele. Morrissey conheceu cedo seu poder de vendas e não deixa barato. Discos, singles, compilações, edições japonesas com uma música inédita, livros, dvds, entevistas gravadas, opções de diferentaes capas. Os fãs compram tudo mesmo. A American Express aplaude de pé.
APRENDI INGLÊS PRA ENTENDER O QUE AQUELAS PALAVRAS DIFÍCEIS ATÉ PARA OS BRITÂNICOS COMUNS QUERIAM DIZER. O Morrissey já foi apontado como o maior poeta inglês vivo. Quando eu fui pra Londres ficava, infantilmente e secretamente esperando que ele aparecesse naquela virada de esquina. Ele sempre está na midia do velho mundo e suas músicas tocam mais na europa. Aqui, por incompetência e preguiça dos programadores só toca velharia. Ele é um caso pra quem gosta de conhecer uma pessoa não pelos escândalos nem por entrevistas que não dizem nada. Está tudo no trabalho. Já ouvi dizerem que para ouvir Morrissey é preciso gastar um pouco de tempo, se dedicar e decifrar aquilo tudo. E assim é. As peças vão se encaixando e uma pessoa vai tomando forma por meio de canções. Os shows lotam por onde ele passa e o público tem sempre a mesma cara, a minha cara. É muito estranho. Vi meus semelhantes no saguão de espera em NYC e aqui na fila em Porto Alegre, à distância, sempre. Vejo os shows em DVD e eu estou lá também, eu sou aqueles caras e eles são eu. A plateia tem sempre a mesma cara e é igual em qualquer país. É impossível eu assistir ao último DVD e não chorar. Estranho essas minhas reações até hoje. Até acho meio engraçado, mas sei que, no fundo, é ridículo. É viver a vida através de outra pessoa que na verdade eu acho que conheço, mas só conheço efetivamente no pedestal que eu mesmo construí. Mas, sei lá, afinal, todo mundo precisa acreditar em alguma coisa. Por incrível que pareça, eu também sou gente, se isso dá um pouco de conforto e momentos bons não deve fazer tão mal. A realidade já é suficientemente pesada e sufocante. Black sky in the day time.
No meu quarto eu lia o que ele compunha, ouvia essa voz inexplicável que ele tem. Faço isso até hoje. O tempo todo. Acho, e espero, que nunca acabe. É quando eu sou exatamente eu, explícito, 110 %. Nunca, em nenhuma outra hora eu entro tão certeiramente em comunhão comigo mesmo, sozinho. Se eu conseguisse meditar, sei que seria assim. Quanto mais alto possível na hora certa, na altura baixa quando o consolo de uma voz amada está sempre ao alcance de um play. Que outra pessoa falando por mim de um jeito tão próprio e idêntico existiria. Ninguém. Meu lugar no mundo, já deslocado por natureza, ficaria orbitando sem sentido por aí, mais perdido ainda. Como uma estrela. De vez em quando acho que estou meio doente e me afasto dele por um mês ou mais. Fico um pouco culpado por que ele pode ficar ressentido, mas ele tá acostumado, é feito dessa matéria. ( tô ficando preocupado porque esse texto vai ser longo demais).
ENCONTREI MINHA PSIQUIATRA AQUI NO SHOW DE PORTO ALEGRE. Foi um choque bom. Vi que, com ela ali, eu estava no caminho certo. Não precisaria explicar um monte de coisas sobre mim. Minha confiança aumentou. Ela conhecia o trabalho do Morrissey e isso ajudava muito pra ela saber melhor quem eu era. O papo psiquiátrico sobre o Morrissey e minha obssessão já foi dissecado inúmeras vezes. Projeção, intolerância, saber que aquela pessoa é uma construção minha e não vai me decepcionar nunca, etc, etc, etc. Nada adianta. Yes, I am blind. Uns se drogam, jogam, comem, batem nos filhos. Eu tenho isso, essa coisa que não tem governo nem nunca terá. Que não tem vergonha nem nunca terá. Boy racer, we're gona kill this pretty thing.
A música é minha companheira de todas as horas. Entrou na minha vida muito cedo pelas mãos de meu pai. Até hoje ouço o gênio Chico Buarque como se fosse meu pai. É minha vida, se fosse só uma trilha sonora, acabaria em um momento. Comigo não. Eu acordo com ela e muitas vezes quando vou dormir ela continua me consolando, me embalando e quem trata de desligá-la é o timer. Chegou uma hora em que ouvir era pouco e tatuei a palavra music no meu braço. Desde então mesmo no silêncio ela está comigo. Música e Morrissey pra mim são sinônimos perfeitos. Morro de medo de ficar surdo. Não sei se suportaria.
IMORTAL NINGUÉM É. Eu penso na morte todos os minutos. Sei que as pessoas que eu gosto podem desaparecer sem sentido nem justiça de um segundo pro outro. Nessas horas eu tenho a certeza definitiva de que deus não existe me s mo. E se o Morrissey morresse ? E se ele estiver morto agora, enquanto escrevo ? Muitas vezes, do nada , eu penso isso - e se ele estiver morto ? Bem , daí a coisa vai ficar mais preta ainda. Acho que um novo tom de preto, mais escuro, vai surgir.
GOOD NIGHT AND THANK YOU.

Virado Por Dentro

ATÉ agora dos textos que eu escrevi o mais comentado no blog ou ao vivo foi o do neonazismo. Nada por acaso, é o mais pessoal. Parece ser só isso o que as pessoas querem saber hoje. Do íntimo, do visceral. É uma coisa normal até, faz parte. Um blog também serve pra essa exposição, todo mundo tá cansado de saber. É um pequeno Big Brother em que não se ganha dinheiro nem fama. Deleita-se quem lê, especialmente quem me conhece. Mas será que eu realmente quero me expor ? Eu poderia fazer um blog sobre aquarismo ou jardinagem, mas a quem interessaria ? Muito mais legal é conhecer as entranhas do blogueiro. Não é ?

QUAIS meus medos ? Quando e com quem eu transei pela primeira vez. O que me faz feliz ? Quanto dinheiro eu tenho ? O que eu planejo pro futuro ? Eu ainda tenho alguma sombra de esperança sobre mim mesmo ou sobre o futuro? Por que essa cegueira toda pelo Morrissey ? O que eu falo na terapia ? Como é meu casamento ? O quanto a beleza e o envelhecimento me afetam ? O que minha infância fez comigo para eu chegar até aqui assim ? Qual dos meus irmãos eu gosto mais ? Quais os meus desafetos mais importantes ? Quem eu me arrependo de ter tratado mal ou bem ?

E por aí vai. Quanto mais espinhoso ou íntimo melhor. Quem quiser saber uma dessas respostas ou quiser perguntar outra coisa, pode fazer.
PROMETO responder.

The Never-played Symphonies

Reflecting from my death bed
I'm balancing life's riches
Against the ditches
And the flat grey years in between
All I can see is the never laid
Of the never- played
Symphonies

I can't see those who tried to love me
Or those who felt they understood me
And I can't see those who
Very p a t i e n t l y
Put up with me
All I can see are the never laid
That's the never-played
Symphinies

You were one
You meant to be one
And you jumped into my face
And laughed and kissed on the cheek
And there where gone
Forever
But not quiet

Black sky in the day time
And I don't much mind dying
When there's nothing left
To care for
A n y m o r e
Just the never laid
The the never-played
Symphonies

You were the one
You knew you're the one
And you slliped right through my fingers
No Not literally
But metaphorically
And know you're all I see
As the light fades
As the light fades

Morrissey

sábado, 9 de maio de 2009

Sem A E I O U

Prmro form as grifs q cmçrm a rvtlzar suas mrcs ou chmr atenç p/ seus noms rtirand as vgais . Zmmp, Frm, Rbk, Tng, Rchds, Bgl. Provvlment tud cmçou msm na intrnt p/ a cois fcar + rpd aind. O fto é q agor scrvr s/ a e i o u em dfrnts suprts, sej papl, cel ou cmptdr, est se intrgrnd no dia-dia. É intrssnt. Q/ já ñ rcbeu p/ mail aquls txts c/ as ltrs das plvrs embrlhds e mesm assim o crbro consgu rconhc^- las s/ prblm nnhum. Se as plvrs vierem apns fltnd as vgais então n/ se fal. Clro q no incio é 1 pouc cmplcd escrvr s/ elas, mas c/ o tmp vc vai pgand o jeit.
Eu gost dess cois d nvdd e ñ acrdt q tod o futur apnt p/ 1 stuação pior, dstruídr d vlrs e ess babquic tod. Ñ sou do tip - Ah, no meu tmp as coisas erm mlhrs. Sou + como mnha vó q dz q hj as coisas s~ como s~, pont.
Se ess ngcio d crtar vgais vai pgar ou ñ vams ver c/ o temp, sempr el. Na minh parc opnião, eu diria q peg. Se fcilita, dev ser implmentd . E, send eu 1 prguiçs frrenh, sou amplmnt a favor do fm das vgais. estms em fase d refrma ortgrfic mesmo.
Q vienga el toro.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

MORRAM TERRÁQUEOS DE MERDA

SÓ mesmo enfiando um Green Day nos tímpanos para acabar com o dia infernal. Gente desgraçada sem noção nem respeito. São todos uns sapos sendo engolidos aos vômitos por mim. Não, as pessoas não tem mais jeito nem noção de nada. Parece que todo mundo está em constante surto egocêntrico. Morram. Por isso espero que o mundo acabe logo ou que minha morte venha rápida, a jato. Tô sempre de avião pra lá e pra cá e nunca acontece nada. Nas decolagens e aterrizagens fico torcendo : é hoje ! Essa merda cai e se arrebenta, derrapa qualquer coisa e tá tudo resolvido. Não pego nem turbulência. Não precisaria mais suportar a vida nem ficar contando as horas, intermináveis. Lulu Santos diz que a humanidade anda a passos de formiga. Eu já diria de ré.
Já passei dos 40, então já devo estar no meio dessa coisa toda. Tá de bom tamanho, nunca pensei chegar tão longe, anyway. Até pensei, mas ainda tinha uma tênue esperança de que o negócio melhoraria. Tem dias q só uma overdose ...

sábado, 2 de maio de 2009

Filmefobia OU Jogos Mortais VI ?

LI ONTEM no Terra uma matéria sobre o filme FILMEFOBIA. Aliás, to- tal- men- te igual ao texto publicado no jornal O Globo ... Well, o trabalho de Kiko Goifman acumulou prêmios de crítica e público em festivais nacionais. As exibições vem sendo marcadas pela polêmica. Na tela vamos apreciando um rosário de pessoas fóbicas cara a cara com o que gostariam de ver bem longe. Com exceção da fobia a botões de roupas e penetração, as demais são as clássicas : ratos, altura, palhaços, anões, seringas, sangue. O filme é concebido como um fake documentário. Jean Claude Bernardt, numa atuação explêndida, encarna o diretor. Pessoas comuns foram recrutadas por livre vontade a lidar com suas fobias. As questões dos limites éticos do cinema são postas à prova. Até onde pode ou deve ir a exposição ? Tudo devidamente filmado e fotografado. Masoquismio, sadismo, não importa. O cerne da questão é registrar o total apavaromento, se seguido de histeria, melhor para o filme. Fobia é mais que o medo, ela é incontrolável e quase sempre inexplicável. Uma mulher fica amarrada, esperando uma cobra imensa chegar perto, outra assiste a uma lesma se aproximar do seu nariz até o limite do suportável, e por aí afora. Fóbico a sangue, o próprio Kiko Goifman expõe sua aversão num dos poucos momentos mornos da realização.
IMPRESSIONADO MESMO fiquei com a semelhança perto da cópia descarada, chupada da série cinematográfica Jogos Mortais. O plot é completamente diferente. Jogos trata de punição, não de fobias. Mas a ambientação e cenários são mmmmuito parecidos. Tudo neles grita Jogos Mortais. A escuridão das cenas, a construção de máquinas e geringonças especiais para aprisionar os fóbicos aos seus medos, tudo é igual a Jogos Mortais. A sequência das serigas é emblemática. As pontudas se balançam penduradas no teto e são refletidas nos olhos da mulher através de um "babador espelho". Assim, a pobre não tem saída, já que não há como desviar os olhos de suas inimigas. Nada mais idêntico às construções mirabolantes de Jogos. O prêmio especial de plágio vai para a cadeira de rodas que Jean Claude pilota. Como em Jogos ela também é eletrica e quase sempre vista por trás, com a mesma iluminação e tomadas fantasmagóricas. A semelhança piora sabendo-se que Jean Claude está com crescente perda de visão, decorrente da sorologia positiva para HIV. Exatamente igual à produção hollywoodiana em que o sádico Jigsaw está com os dias contados por uma doença terminal. Só faltava a monstruosa máscara branca.
NÃO ACREDITO que algúem vá fazer qualquer comentário sobre esse "espelhamento" . A crítica brasileira , na verdade inexistente, prefere não mexer com o heróico cinema nacional. A maioria dos filmecos, produzidos graças às leis de incentivo do Planalto. Dessa maneira, o risco de produção e retorno do investimento pela bilheteria baixa muito e os tais heróis não me paracem tão bravos assim. Anyway.
UM FILME no mínimo interessante fui a fim de assistir e me deparei com essa cópia barata. Devo confessar, sou fã da série Jogos com toda aquela sua postura de se levar a sério sendo mais candidato a repousar na prateleira do trash bem produzido.
FILMEFOBIA SEGUE sua trajetória em festivais. Foi selecionado recentemente para participar de um na Alemanha. Neles bota-se no microscópio o que o filme tem de melhor. Ok, é o próprio cinema, sua linguagem e papel de agente que interage de maneira emocional, crítica e propulsora de questionamentos muito bem-vindos. Jean Claude Bernardt, ele próprio acadêmico e pesquisador incansável do cinema e seus desdobramentos, coloca questões muito oportunas sobre o que se desenrola na tela. É um filme-experimento interessantíssimo que escancara a metalinguagem inserida soberbamente em várias sequências do falso documentário.
MESMO ASSIM fica o gosto de já vi isso antes. Claro que os enredos são incomparáveis e seus objetivos enquanto cinema nem se discute. O que faltou foi ter se distanciado de uma estética tão próxima a de Jogos Mortais. Penso que talvez os realizadores nem conheçam Jogos Mortais e daí nos deparamos com outro grave problema. Quem faz cinema não vê cinema. A maioria é assim. Convivo com alguns casos. Conheço estudantes de cinema que não assistem filmes, crendo que reinventarão a roda. Cuidado, a roda já está quase sendo substituída.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Neonazismo Nos Anos 70 Em Porto Alegre, Capital A Frente Do Seu Tempo

MESMO muito antes de a expressão neonazismo ser cunhada eu, sempre avant guard, pude absorver tudo que o movimento tinha de mais destruidor. Minha escola, alemã até a raiz da franja ensebada de Hitler me prestou esse desfavor. Era tudo tão cinza e sombrio no Pastor Dohms que nem os urubus sobrevoariam os céus do colégio. Sei lá, de repente tinham medo de fuzis ou canhões ou não gostavam do cheiro de corpos queimados.
AGORA falando sério, era terrível. Pelo menos pra mim. 5% dos meus colegas concordava comigo. 50% não estava nem aí, aquele tipo de gentinha que veio à vida pra pastar. Os demais 45% era genuinamente feliz revirando aquele lixo. Fediam, eles próprios. O quadro da instituiçao era o clássico. Repressão a tudo e todos, filas em ordem de tamanho, pontualidade britânica era desprezada. Os professores tinham três caras. Cara 1: sou assim porque dependo desse emprego. Cara 2: adoro ser alemão recalcado. Cara 3: me observe e seja tão desprovido de vida interior e exterior como eu, esse fantasma. Acabou. A coisa era tão desmedida que lá pelo início dos anos 80 instalaram em todas as salas de aula, anfiteatro, salões e dependências do Prêsi (como meu irmão apelidou carinhosamente nossa escolinha) caixas de som, apelidadas de voz do além. Sempre, todos os dias, antes de começar a sessão de tortura o diretor tinha alguma pérola a dizer. Não raro éramos brindados com uma oração. Antes de uma aula de química é de cortar os pulsos. Adoravam passar o filme The Wall do Pink Floyd. Acho que acreditavam nos fazer ter medo das drogas, quá quá quá, nunca entendi se era essa a intenção dos imbecis. Pra mim importava mesmo era o ódio a instituições de ensino que passava na tela. Eu também queria queimar os livros e botar fogo na escola.
MEUS colegas me hostilizavam como podiam. Eu me defendia como podia. Briguei e me impus a professores e colegas até a 6ª série. O inferno na terra atendia por dois nomes, recreio e vestiário. Então fui me retraindo e acabei vencido pelo medo da crescente rejeição. Mas era tarde. A merda já tinha ido pro ventilador, meu caldo já tinha entornado e meu leite derramado. Eu contava os dias pra sair daquele lugar e nunca mais ver aqueles tipos preconceituosos, quadrados, retrógrados, castradores, cafonas, interioranos e obtusos. O sistema tinha me nocauteado.
SOBREVIVI, ufa ! Mas muito mal e as feridas estão aí. Caso contrário não escreveria um esboço daqueles anos inúteis. Durante 13 intermináveis anos fiz 2 amigos e tive uma paixão que provocou o terremoto devastador final. Foi o meu ground zero. Ainda odeio ele e sempre vou odiar. Sim, a vida da gente pode piorar. Eu sou do tipo que se arrepende do passado e não acredito em quem diz que não se arrepende.
FINALMENTE veio a noite de formatura. Foi meu melhor momento naquela espelunca que infelizmente ainda está de pé. Hoje numa versão bem mais light. Que nojo.
DEVERIA ter ido pra outro colégio. Você deve estar se perguntando o que aconteceu. Por que se infligir tudo isso ? Paralisia, medo, ignorância do mundo, um abobado preso numa bolha. Não sei bem onde estavam meus pais, se é que você me entende. Eu acreditava que um colégio novo poderia ser melhor, mas que os colegas seriam sempre aquele quadro tosco conhecido. Só soube que havia vida fora de Aushvitz no cursinho. Mas era tarde. Cantava com os Titãs : não vou me adaptar. E não me adaptei, nem no cursinho, nem na faculdade, nem em lugar nenhum.
São 14 anos de terapia. E esse é um dos assuntos que minha psiquiatra ouve pacientemente, repetidamente, por mais de uma década. Algum avanço, é certo, está sendo alcançado. Fechar essas feridas ? Só com um Alzheimer bem poderoso.
PS: esse texto era pra ser pequeno.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

terça-feira, 28 de abril de 2009

Tour da Inquietação

Quieto, desarvorado
molhado e escorrido
na corrida das coxas
nos vales
vai seguindo sendo o outro
vai surgindo sendo o louco
enfiado no escuro buraco luminoso
do novo
engole esse segredo
digere esse calor
desfalece o capricho dessa timidez
seria mais fácil
se eu não fosse bobo e os seus dedos não fossem ilusão
se fosse só tesão
seria sem complicação
se falar não nos fosse bonito
se a banalidade fosse rainha
da situação.
Quieto, desarticulado
anda pela casa como quem segue uma estrada sem curvas
e o caminho é cheio de avisos
tudo é bonito e grave a 100 metros mas ele não lê
molhado e perdido jorra nas escadas
e acompanha a despedida
querendo a chegada
faz cortejo ao aceno

ao intervalo, ao corte obsceno
à desembolação dos corpos
e no entanto tudo era camiseta
amarrotada como esse tipo de coração
sua voz entra nos meus buracos
e grita em cada um deles em oitava
oito canais ... bananeiras de saudades, canaviais
(e eu que não tava esperando, meu deus).
Perambula pela sala, fura o tapete
de tanta repetição de passos no mesmo lugar
não nota
o disco volta, arranha, repete e fura, ele não vê
não ouve nada
caminha pelas alas
comissão de frente
comichão de gente, ele não entende
essa estanha capacidade que tem pra entender
e nem consegue pensar com seus dedos dentro dele
essa insistente boca no peito dele
esse cheiro de cabelo seu que de repente
invadiu as samambaias da casa
esses lábios chamando
beija beija beija
arranca os lábios e doa
assanha outros lábios e esquece
quieto por fora
inspeciona os cômodos
vê se as paredes não vão cair
e seu verdadeiro incômodo
é apenas essa ebulição pelo corpo
verão de emoção
vê se é possível dormir
não sabe se lava o copo onde ele bebeu água
não sabe n a d a
tem apenas escrúpulos e sabe que não se passa detergente
em lembranças
ele é doido
pisa em guimbas
morde os ares
e ele permanece na casa feito incenso
olha a cama onde ele não ousou pousar
e que deitar nesse aonde
quer esse monstro esse monge
que está pregado na fronha e no lençol
ele que mesmo sem se deitar
nunca saiu de lá
quieto desembestado
amanhã faz show paga as contas
queria só fazer versos
mas há um difícil pássaro
concentrado e disperso
que lhe enche as liras
e lhe põe em conexão
com o universo.

elisa lucinda

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Lambendo o chão pro Vanguart passar

Como diz minha amiga Mônica, basta estar na mídia pro Fernando endeusar e lamber o chão para que essa gente passe. Claro que não é bem assim e tampouco ela quis dizer isso literalmente. Não lamberia o chão pra Ivete ( com i ou Y ?) Sangalo. Mas eu não teria conhecido o Vanguart se eles não estivessem na mídia fazendo barulho.
Quando vi a propaganda do show deles no Multishow achei que poderia ser bom, gostei do cenário e da luz quente, mas não marquei dia e hora para assistir. Foi casualidade. Thank lord. Fiquei impressionado. Grande cantor se apresentando para uma platéia enlouquecida e embevecida. Semana passada, folhando uma Roling Stone de 2007, encontrei uma materiazinha sobre eles já preconizando tudo que está aí hoje : o novo Legião, o primeiro poeta da música brasileira dessa década, blá, blá , bla´. Hélio Flandres está aí. Compõe canta e lidera uma banda muito especial e peculiar. Canta em inglês, português e espanhol, de uma maneira quase arrastada e rápida ao mesmo tempo. Fala de romances com homens ou mulheres de um jeito que só hoje dá pra fazer. Escreve versos de uma jeito que dá vontade de voltar aqueles anos em que a música adolescente brasileira tinha o que dizer. É de Cuiabá. Tem uma mancha de nascença na maçã do rosto, que lhe deixa a aparência incomum. Como se precisasse, ele é incomum. Sei que eu estou lambendo o saco de uma cara que nem conheço. Mas eu também não conheço o Caetano, mas sei do trabalho dele e isso me basta. Se vou concordar com as opiniões do Caetano ou do Flandres não importa. Eu ,infelizmente, não gozo da intimidade desses caras e me contento com o trabalho deles.
Não vou ficar escrevendo partezinha das letras e essas bobagens pra provar meu ponto de vista. Quem quiser saber mais, que vá até o site mais próximo e experimente o Vanguart. Indiferente você não vai ficar. E se não gostar, só posso dizer que lamento muito por você.
Eu amo o Vanguart.
www.vanguart.com.br
www.vanguart.myspace.com

terça-feira, 21 de abril de 2009

Totalitarismo blockbuster

O Unibanco Arteplex de Porto Alegre mudou sua programação cinematográfica. Não por acaso há uma explicação. Monetária, óbvio. Desde que a rede Unibanco foi incorporada ao Itaú os blockbusters invadiram as 8 salas do cineplex. Os Unibanco Arteplex de todo o país são reconhecidos por alternarem cinemão com filmes mais sérios e até mesmo "alternativos", termo ambíguo, mas eficaz. Filmes entretenimento tomaram conta do panorama. Salas lotadas, filas intermináveis. As caixas registradoras tilintam furiosamente pelo perfeito som dolby stereo digital.
A imbecilidade do espectador chegou a um ponto sem retorno. A plateia quer ver o detive investigando, o fantasma assustando e aí por diante. Nada de surpresas ou incertezas que podem levar a dúvidas ou a qualquer tipo de reflexão. Não. O público , passivo, quer a certeza, o pronto. A mesma certeza tem a criança de 3 (TRÊS) anos ao assistir mil vezes ao Rei Leão. Ela já sabe tudo o que vai acontecer naquele roteiro e desfacho já visto outras tantas vezes. Sequencia por sequencia, ela vibra da mesma repetida maneira. O adulto não fica atrás. É cada vez mais infantil e carente. Precisa do conforto da estória fácil. E o cinema se transforma naquilo, onde gente grande merenda e conversa sem parar. Triste. Os cineplex e arteplex estão aí, transformando-se em babá por duas horas. Muitos filmes para adultos, em especial comédias e aventuras, já estão sendo entregues dubladas aos bebês idosos. Argh. Isso sem falar dos inúmeros remakes. Por favor ! O Brasil fez a lição de casa e dá-lhe os lamentáveis Seu Eu Fosse Você e seus clichês requentados em banho-maria. O Divã 2 vem por aí, não duvide.
A plateia dos filmes chatos, aqueles pra pensar pensar pensar fica encurralada em nichos culturais. Salas muitas vezes com conforto e projeção muito a desejar. Pior, muitos títulos tanto aqui quanto nos USA já estão sendo selados direto em dvd por medo de pouca audiência. Assistir a um filme numa tv, mesmo sendo as de 800 polegadas e HD infinitos é uma experiência infinitamente prejudicada em relação à insuperável telona prateada. A produção hoje em dia já é pensada para atender a vários formatos. O caminho natural era cinema, depois dvd. Era. Agora se juntaram tela de computador mp4 e celular. Isso vai modificar tudo, é certo. Para melhor ou para pior ? Acompanhando o andar da carruagem de pneus quadrados que o mundo se transformou nem é preciso responder a essa questão.
É a tal das trevas da nova era. The world is full of crashing bores. And it's a working in progress.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

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