sexta-feira, 24 de julho de 2009

Minha Tríplice Santíssima, ou Cada um tem o Deus que quer ter.

THE CURE
Já me acabei de elogios e exposição de intimidades nos textos sobre o Morrissey e a Marina. Como não fechar o trio fantástico com o Bob Smith e o seu mitológico Cure ?
.O THE CURE invadiu a minha vida antes do Morrissey e da Marina. Tudo foi culpa do Marcelo, um ex amigo meu do colégio. Devíamos ter uns 14 anos e aquelas letras cheias de melancolia e tristeza acompanhadas por uma música sublime num mundo cinza-chumbo eram tudo que queríamos ouvir. Me lembro da louca da mãe do Marcelo me perguntando com total desentendimento da situação: meu filho, por que o Marcelo só ouve essas músicas tristes ? O que eu poderia responder para aquela mãe sem noção ? É o que ele gosta, respondi eu, encerrando o assunto.
.ERA DO que eu gostava também. Junto com o Cure veio Kraftwerk, Laurie Anderson, Jean Michael Jarre e Cocteau Twins.
Já vi num desses insuportáveis programas insuportáveis sobre ídolos do rock dizerem que a voz, o jeito de cantar e o cabelo do Robert Smith são reconhecíveis no meio de um trilhão de pessoas. Verdade total. O vocal é muito único e inimitável. Ninguém canta daquele jeito doce, alto, sussurrado e desesperado, como se fosse um gato sendo torturado dentro de uma lata de metal jogada de um penhasco durante uma nevasca. Todas as músicas possuem uma textura própria mas sempre com a mesma assinatura. Pra mim, o que constrói uma obra de arte é essa sucessão de assinaturas trabalho após trabalho. É uma banda de texturas por definição. Uma música dele, mesmo sendo inédita, começa a tocar e você sabe, isso foi trabalhado, tecido e composto pelo Robert Smith. Falar em The Cure, depois de tantas décadas de formações diferentes não me parece exato ou justo. The Cure é Smith.
.NOS ANOS 80 todo mundo queria vestir as roupas desconstruídas e usar o cabelo e a maquiagem dark, leia-se, The Cure. O mundo copiou e levou a sério. O preto cobriu o Ocidente de norte a sul. Dezenas de sub-cures acharam seu lugar nas rádios mundo a fora. Isso deixava os fãs como eu e o Marcelo pra morrer. São surfistas, não entendem um verso de qualquer música, mas adoram In Between Days, como assim, esbravejavo-mos ? Mas era moda e moda passa logo. Passou. A produção smithiana continuou prolífera como sempre. Respiramos aliviados e continuamos garimpando lados b, regravaçõs, gravações raras e imagens smithianas. As minhas viagens para NY facilitaram tudo e depois com a internet, todo mundo sabe.
.NÃO DÁ pra escrever um texto sobre essa banda e conseguir não citar o clássico visual exdrúxulo do nosso band leader. Quem o vê pela primeira vez, estranha, pra dizer o mínimo. Mas se acostuma um segundo depois. É quase impossível conseguir uma imagem de Robert Smith sem maquiagem e sem cabelo arrumado (?!). O batom vermelho nunca dentro da linha dos lábios, o olho preto marcadão e mal delineado e o cabelo negro meticulosamnete desgrenhado são as três marcas campeãs nas infinitas caricaturas. Marilyn Manson orgulhosamente nunca escondeu que seu visual é pós Smith. O pessoal do Panic at The Disco idem. O som é imitado, inspirado e reverenciado por milhares de bandas pelo planeta. The Killers, um dos meus favoritíssimos adora soar The Cure e canta aos quatro ventos o viés inspirador da banda em seu trabalho. As bandas novas e velhas não plageiam o Cure, seria impossível. Elas adoram reinventar. Algumas, como o Killers conseguem.
É estranhíssimo que com todo peso das letras e da música , Bob Smith tenha recebido o apelido de Theddy Bear. Fofinho como um ursinho de pelúcia, ele nos deixa sem direção. Como um cara tão fofo canta coisas tão obscuras, já perguntaria Marcelo's mother. É, as aparências enganam mesmo.
.EU OUÇO música o dia inteiro, já disse. Pra mim o silêncio é música. Eu ouço The Cure todos os dias e me policio para não ficar preso às lembranças da adolescência. É sempre para lá que sou arrastado por um Bob Smith eternamente jovem. Mesmo ouvindo o novo cd lançado nesse ano, meu pensamento com o The Cure sempre retrocede aos anos 80. Sempre. Essa década nunca acaba mesmo. Rewind total. Naquela época o The Cure eclodia uma confusão de sentimentos em mim. Esperança, desesperança, encontro, descentralização, futuro, idade. Tudo sem absolutamente nenhuma resposta. Ainda é assim hoje. E sendo asim, tudo fica mais estranho ainda porque os tempos se misturam. E quando tempos e lugares se embaralham você não sabe mais quem você é nem onde você está, nem nada. Mas você sabe que aquela música, aquela melodia, localiza você como uma bússola apontando sempre na mesma direção.

E o carro que parece uma carroça, coisa nossa, muito nossa.

0ºc. Se você mora numa cidade do Brasil que realmente faça frio, você sabe que nossas casas parecem um casebre. Coisa nossa. O chão, as janelas, os vidros, os banheiros, tudo é construído sem o mínimo de visão para o inverno gelado. O inverno meia-boca dá pra levar, mas quando o termômetro despenca o bicho pega. E daí passamos alguns dias experenciando como deveria ser viver em cavernas, sim, porque tudo fica gelado. A temperatura interna nunca é muito superior à externa. De nada adianta ligar o ar condicionado no quarto e ter que passar por uma sala que mais parece locação da Era no Gelo IV e chegar numa cozinha onde se pergunta : por que essa geladeira está ligada, afinal ?
- 1 ºC. Essas são as nossas casas. É caro ligar todos aparelhos de aquecimento de uma vez só ? Sim. Mas será que ligar - todos - por alguns poucos dias de inverno vai quebrar o orçamento de alguém ? Por favor! Isso não tem nada a ver com dinheiro, na maioria dos casos. Quem já não foi em casas atapetadas de splits, com lareiras lindas e ... nada ! As pessoas simplesmente não usam. ENTÃO POR QUE COMPRAM ????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????
- 2 ºc. Então tá um daqueles dias e você tem que fazer uma visita para aquele amigo que além de não ligar nem o bico do fogareiro ainda gosta de arejar a casa. Aqui no sul as pessoas amam o tal do arejar a casa, é uma febre, um craving. Ok, é saúde, ok, mas dá pra arejar sem eu ter que estar presente nesse vendaval direto dos Andes para o meu nariz ? Meu, tá fazendo 11 (onze) graus lá fora, animal ! Gente assim tá fora da casinha, do condomínio, do universo. E aí você conversa, brinca com a filhinha dele, janta, toma cafezinho e vai pegar seu carro, sem em -n e n h u m- momento ter tirado o casacão com aqueles três blusões de lã por baixo e ainda se arrepende por não ter colocado duas ceroulas ao invés de apenas uma. Isso pra mim, é tratar mal uma visita. E ainda acham que as pessoas ficam muito resfriadas no inverno. Ah, por que será ? Dentro ou fora dos lugares, parece que estamos sempre na rua, no tempo e no vento. Esse pessoal deve ter Ana Terra como heroína.
- 3°C. O mais revoltante é que as pessoas tem aquecedores e o escambau, mas simplesmente não usam. O gaúcho, que é o povinho que eu mais conheço, é mmmmmmmuito pão duro, as coisas passam do limite.
33ºC. Bom, pelo menos no verão a situação aos poucos está melhorando. Quando a meteorologia prevê uns 28 graus já tem gente que começa a tirar o pó do seu ventilador Arno três pás. É, tomara que o verão chegue logo.

terça-feira, 21 de julho de 2009

THE LAST TIME I SAW YOU

THE 1st time I saw you
I did try hard to burn my eyes
life was but a sad dream
I was but a sad breath
but you were somehting like sand
when sunliht hits the sea
THE 2nd time I saw you
I was about to hit the road
I asked could you wait for me
you said life ain't a highway
better if we been born
as siamese songbirds
THE 3rd time I saw you
we went to the bar
all steady hot beers
sorrowlful monkeys
big eyes laughing
wish I had not held hands
THE 4th time I saw you
it was like I was gonna die
I was waiting outside
you just had a new boy
asked me why I, I
son wont'you come along
we have no time for another song
wont' you sing along
we have no sea, child
THE 5th time I saw you
he was travelling abroad
and your eyes, they were not here
you just made new friends
while I tried to stop with cigarrettes
THE 6th time I saw you
I was propperly insane
for the whisky I had drunk
for the drugs I'd taken
gimme just one way you will realise
THE 7th time I saw you
you were married again
if I had just once kissed you
things wouldn't be the same
cause surely the sky'd be different
THE 8th time I saw you
I was strumming the guitar
& your ears were not for me
my ears were a-bleeding
the waiter was blind
please someone blind my eyes
THE last time I saw you
was about ten a.m.
you approuched me in a strange car
and finally kissed me
then did wave goodbye
before you disappear
sometimes I ache, baby
you should be hard enough to stand
but our songs they just drown me
coming back from work
having sour breakfast
seasick from your chest
Helio Flanders

THE LAST TIME I SAW YOU

segunda-feira, 20 de julho de 2009

L U C I A N A

Luciana Stein. Não sei por qual razão eu preciso escrever teu sobrenome, mas acho que fica mais fiel assim, sei lá.
Por onde começar, meu deus ! Minha alma quase gêmea. Uma das minhas âncoras nessa vida estranha e má.
Eu e o Flávio brincamos que a Valesca e a Luciana são praticamente a mesma pessoa. Elas odeiam esse comentário, óbvio, mas nas poucas vezes em que se viram, devem ter percebido uma coisa , assim, sabe, uma coisa ? Todo mundo me chama de Fê, mas as duas me chamam de Fer ...
Que difícil falar de ti porque é me desnudar também. Ok.
Nos conhecemos na faculdade e a coisa foi evoluindo, evoluindo e hoje chegamos nesse ponto sem volta. Que bom.
Será que eu vou conseguir dizer coisa com coisa ?
Bom, lembro das nossas saídas no tempo de faculdade em que eu era proibido ou liberado para reclamar. Combinávamos pelo telefone a medida das minhas reclamações para aquela noite. Se eu estivesse num dia muito pesado, decidíamos deixar o encontro para outra hora. Isso foi decisivo na construção do nosso relacionamento. Essa palavra foi estranha, relacionamento - talvez mais do que uma amizade nós tenhamos um relacionamento. Que medo.
Lembro com saudades, muitas, das nossas tardes folhando revistas. Situação revisitada quase 20 anos depois no primeiro apartamento dela em São Paulo. Só que agora isso acontecia tarde da noite, depois do nosso dia de trabalho. E ali também vinham dicas subentendidas pro meu trabalho. Moda e roupas. Consumo e perguntas. Nossas jaquetas Perfecto. Tínhamos mais tempo, nos encontrávamos mais e a vida ainda não tinha nos atropelado tanto. Lembro sempre, e já conversamos sobre isso, da nossa reação boquiaberta depois de assistir O Exterminador do Futuro, que engraçado, né ? Tenho saudade dos teus vestidos de florzinhas miúdas. Das pessoas que eu conheço, a Lu é a rainha do estilo e até hoje certas coisas me surpreendem. Sempre tudo tão acertado e nunca perfeito, como deve ser.
Essa pessoa linda me elogia sempre. Isso me faz muito bem. Mesmo nesses anos todos morando em SP e viajando o mundo nunca me sinto desacompanhado e sei que a recíproca é verdadeira. Só de pensar que ela existe, eu respiro mais aliviado através desses dias que ela bem conhece. A Lu é a pessoa mais confiável que eu conheço. Incapaz de pensar ou fazer mal a niguém. Mas nem por isso boazinha ou poliana, senão jamais poderíamos ser amigos.
Ela e o Flávio frequentaram durante anos o mesmo psiquiatra e isso por si só significa tudo que significa.
Nós também já viajamos juntos. Miami, NYC. Mas faltam muitos outros lugares e tomara que um dia a gente consiga visitar alguns. A Luciana conhece um monte de países e lugares nesse planeta. Nunca me esqueci das histórias das viagens pra Tókio e Cape Town.
Nos vemos bem menos do que gostaríamos. Mais por minha culpa do que dela, admito publicamente. Mas tenho melhorado e começo a respeitar mais o Tempo.
PS: O teu cabelo natural, como da última vez que nos vimos é o melhor. Já ccccccccccansei de te dizer isso. Essa foi a última vez.
PS: Amanhã te ligo.

M Ô N I C A

Antes de pensar no que escrever sobre a Mônica já me dá vontade de rir. Não sei porquê. Acho que porque odiando a tudo e a todos acabamos sempre rindo por sermos tão ridículos. Mas cortamos cabeças e costumes por prazer, sem se preocupar com o veneno. A reclamação corre livre, leve e solta. Nos damos esse direito e esse prazer. E é muito engraçado porque sabemos que nossa irritação não nos leva a nada. Depois de séculos de terapia já aprendemos o básico, but we can't help it. Irritamos a todos a nossa volta com nossas opiniões tão positivas. E nos olhamos e rimos, porque pouco se tem a fazer com a mediocridade que aumenta em progressão geométrica. E nos fechamos.
Nos conhecemos na faculdade e seus olhos acusadores me perturbavam. Por que aquela figura tão bonita e esguia nos seus jeans pertados criticava tudo, exatamente como eu. Uma chata, como eu. Incompreendidos, ingênuos. Era 1988 e nós sabíamos tudo e já tínhamos vivido tudo de ruim que o mundo poderia apresentar. Achávamos que sabíamos, mas a verdade é que de lá prá cá as coisas não mudaram muito e o que nós achavámos meio que continuamos achando. Fiéis a nós mesmos, gosto disso. Batemos a cabeça em ponta de faca, mas não queremos mudar. Mas precisamos. E agora ?
Mas ela não é só isso que talvez eu tenha pintado até aqui. C'mon. Sorry, Mô.
Ficamos um tempo separados por conta dos seus anos em Londres. Foi na volta dessa temporada que ficamos amigos mesmo. Rapidamente. E a Mônica sabe ser amiga, eu também sei e isso nos é raro. Ah, as pessoas. Passamos por momentos pesados juntos que só uma só amizade forte comportaria. Nós adoramos ver e falar mal das novelas. Adoramos inverno, livros, remédios, doces, BBB, a língua inglesa, os ingleses, Londres, gatos, cinema, internet. Ela é minha assistente de computador de plantão e a maior responsável pela existência desse blog.
Obrigado querida e boa sorte pra nós.

V A L E S C A

Essa Valesca é um caso mmmmmmmuito a parte. Como tu pode ser tão louca ? Loucura boa, deixemos bem claro.
Nós nos conhecemos nos anos 90 numa academia. Nosso relacionamento começou mudo. Foram só olhares. Uau ! Na verdade nossos olhares eram só ironia, criticando, claro, nossas colegas de puxar ferro. KKKKKK. Em seguida começamos a conversar e vieram algumas caronas, thanks colega.
Anos depois ela me disse que me sacou na hora, inteiro. Ela tem essa capacidade. Temos uma conexão daquelas que não se explica. É frase feita, mas é verdade.
Tenho certeza de que nossa amizade se eternizou num momento de muita dor. Foi quando o grande herói da Valesca, seu pai faleceu. Foi tudo muito difícil, mas no fim tudo se resolve, sempre. E as lembranças não acabam, nunca. Eu e o Flávio já tínhamos passado por isso e sabíamos o que ela sentia.
Nos vemos muito menos do que gostaríamos, mas talvez esse seja o segredo. Nossas noites no seu apatamento, que eu adoro, tem muita Coca Light, sarcasmo, água e tudo que não deve engordar (ecxeto o chocolatinho de sempre). Tem também as infindáveis alfinetadas trocadas entre o Flávio e ela, que são puro amor. Essas noites me dão um prazer como poucas coisas me proporcionam.
Eu não gosto de ter amigo feio. É uma falha minha que ainda não consertei. Que me desculpem os feios. A Valesca é linda, mas, -segredo- do que eu mais gosto nela é da voz. Por falar em gosto, também temos um gosto bem parecido, quase igual. Ela adora mostrar as últimas compras da sua nova fase não-consumista. KKKKK. Hello, né Valesca ? É muito engraçado. Mas eu adoro ver tudo. Rápida, sarcástica, irônica, bem informada e super antenada no futuro. Se ela tivesse uma agência de tendência seria um sucesso. Chega de rasgação de seda.
PS: Seu maior e incorrigível defeito é detestar os Estados Unidos.
Queridíssima, obrigado pelo montão de portas que tu nos abriu, isso sempre vai significar muito pra mim.

J A N E

Se ainda não faz 20 anos que nos conhecemos, está muito perto disso. Para o Flávio foi amor a primeira vista, pra mim também. Ele foi vender para Jane e voltou entusiasmadíssimo. Tinha conhecido uma pessoa maravilhosa e eu TINHA que conhecer. Tu vai adorar ela, me disse ele. Não deu outra. Ela era e é nossa cliente mais antenada. Suas opiniões e conselhos sem papas na língua sempre me ajudaram muito. Essas dicas eram um termômetro para o meu trabalho no princípio de tudo. Eu e ela temos o mesmo gosto estético e isso facilitou muito. A Jane tem uma relação especial e admirável com o dinheiro e essa aula segue até hoje. Calma, ela não é uma professora. Ela é especial. A cada visita nossas conversas cresciam e se estreitavam. Jantávamos, ela cozinha como ninguém, assistíamos televisão e conversámos sobre qualquer coisa. A amizade começou tímida e hoje é do tamanho do mundo. Vamos ao cinema, a restaurantes e é ótimo estarmos juntos.
Nossos encontros eram sempre a noite, não raro rolando até as duas da manhã. Acordar cedo no outro dia ? Detalhesinho menor. Tentávamos sempre chegar bem cedo pra podermos ficar mais tempo juntos noite afora.
Nesse domingo estávamos lembrando nossa viagem para o RJ na virada do milênio e rimos muito. Nos divertimos na areia de Copacabana. Já viajamos juntos pra Miami também. Ambas as vezes foram muito legais. Se uma amizade resiste a uma viagem ... , imagina a duas. Ainda não conseguimos realizar o sonho de correr juntos pelas ruas do Soho, quase deu nesse ano, mas problemas de data e de trabalho fizeram nossas viagens se desencontrarem. Nós amamos NY e Buenos Aires.
A Jane mudou de casa e de bairro há um mês, mas entre nós, nada mudou. Vibramos sinceramente com nossos sucessos e admitimos sem reservas nossos problemas. Surpreendentemente pra mim, me sinto muito a vontade com ela e me sinto meio de casa. É uma amiga, mas também é meio mãe. As portas estão sempre abertas.
Um beijo do seu amigo e admirador nada secreto.

sábado, 18 de julho de 2009

MAIS SOM MAIS FÙRIA

QUAL é o segredo de Som e Fúria ? Ser adaptado a partir de uma montagem canadense - Arrows and Slings , ser uma parceria da Globo com a O2 Filmes, o elenco, a trilha, o figurino impecável, o revesamento de diretores a cada episódio, o teatro como personagem onipresente, o Felipe Camargo, o roteiro, a edição, os flashbacks, a liberdade ? A resposta deve ser tudo isso, mas especialmente a liberdade. A mesma liberdade que o "diretor" Dante ( a melhor encarnação de Felipe Camargo ) saboreia na série foi inspirada ou inspirou o resultado que se vê todas as noites, de terça a quinta em algum horário que ronde as 23 hs.
O programa me lembra o teleteatro que a Globo exibia no fim dos anos 70, liberdade e seriedade na montagem de clássicos e vanguardas. Coisas que o teatro é mestre e melhor veículo. Um tempo que se foi. Som e Fúria, é o tataraneto ressucitado de uma iniciativa de qualidade há muito esquecida, soterrada e morta pela própria Globo. Uma fresca surpresa parecida com os ventos de renovação de costumes trazidos por Malu Mulher.
2009, ano em que a Globo apresenta as piores novelas de toda sua história, descendo ladeira muito abaixo, a produção de Fernando Meirelles vem levantar o moral do pessoal da casa ex-toda-poderosa.
ALÉM das interpretações poderosas e afinadas do elenco fixo, as participações especiais são um acessório luxuoso. O escrachado e pérfido deboche a Gerald Thomas como Osvald Thomas ( Antonio Fragoso) leva Palma de Ouro. Fernanda Montenegro, Wagner Moura, ponto. Juliano Cazarré, o boy toy Kleber de Ellen ( Andréa Beltrão) que desde o filme A Festa da Menina Morta comprova que é muito mais do que um corpão. E, claro, Rodrigo Santoro, revelando toda perversão, crueldade e genialidade da publicidade. A análise de dois minutos que seu personagem fez de um mudo Ricardo Dias (Dan Stulbach) explica por que poucos publicitários brilham tanto e nunca recuperarão seu ego. E ainda vem por aí Débora Falabella e Leonardo Miggiori.
NÃO tive coragem de googlar e me informar quando esse delírio da TV brasileira acaba, mas uma segunda temporada não está descartada. Viva !
BEM, não resisti e fui ao Google resolver a questão da segunda temporada. Após os 12 capítulos da temporada inicial uma segunda parte não está descartada. Para isso é importante que a média de 20 pontos seja mantida no cômputo geral de audiência, o que é considerado sucesso absoluto para o horário das 23 hs. Som e Fúria tem atingido uma audiência tímida, característica de entetenimento de qualidade.
O segredo de Som e Fúria ainda não está bem claro, mas quem se importa ? O importante é que esse segredo esteja bem guardado.

H E M I S F É R I O

esquenta o coração refeito
espero poder retocar
o que havia entre nós dois foi
tiroteio e espinho-canção
eu cederia aos teus pecados
se acaso quisesse chorar
escreveria os mesmos passos
só me salvo com a arma na mão
pesa mais que um hemisfério
é usar o teu vestido
te trazer pra perto
bordar as tuas iniciais
no cais
dos meus braços
liberdade pra quem queria
só as tuas grades e tua avenida
a falta é irresponsável
se for pra te incendiar, eu
derramo essa chuva
divido o rio que eu tiver
e esqueço a cidade que queimar depois
você fingindo ser doloroso
e eu lembrando do céu
do mesmo abismo que vim voltarei
baculejado de dor e tempestade

Hélio Flanders

terça-feira, 7 de julho de 2009

SOM, FURIA E FELIPE CAMARGO

____sOM E fURIA, CUIDADO ! nÃO CONFUNDIR COM A PEÇA MULTIMÍDIA ARGENTINA, ESTRONDOSAMENTE PREMIADA NAQUELE PAÍS, ATUALMENTE ARREBENTANDO EM ny.
____MUITO BEM ! nÃO É MAIS SÓ DE iN TREATMENT (HBO 21:00 - SEG A SEX), cALIFORNICATION ( WARNER 22:00 - QUI) E ePITÁFIOS (HBO 23:OO - DOM) QUE VIVEREI NOS PRÓXIMOS DIAS. MINHAS TRÊS SÉRIES FAVORITAS - SE VOCÊ NÃO SABE DO QUE ESTOU FALANDO, VOCÊ NÃO SABE nada, - AS MELHORES EM CARTAZ, VÃO TER A COMPANHIA DE SOM E FFFFURIA. eU JÁ FUI VICIADO EM TV, MAS ULTIMAMENTE, HELLO, A COISA TÁ UMA MERDA. mAS TÃO RUIM QUE tOMA lÁ dÁ cÁ SE TRANSFORMA NUM SOPRO DE LANÇA PERFUME, COM SEUS DIÁLOGOS IMPENSÁVEIS E, CLARO, A TARADA cOPÉLIA. NÃO FICO MAIS NA FRENTE DA TV E TENHO PENA DE QUEM FICA E INVEJA DE QUEM AGUENTA. nEM O ENTERRO DO mAICON EU VI. SÓ DE IMAGINAR JÁ ACHO QUE VOU VOMITAR. dAÍ VEM ESSA SÉRIE, QUE NA PROPAGANDA JÁ MANDAVA UMA VIBE LEGAL E DAVA PRA ENTREVER UMA POSSIBILIDADE DE PENSAR. pUXA, QUE SAUDADE, PENSAR.
____nOSSO mICKEY rOURKE TUPINIQUIM VOLTOU BONITO DEFENDENDO COM UNHAS E DENTES SEU PERSONAGEM. cAMARGO EXIBE AS MARCAS DE UMA VIDA CORROÍDA NA CARA. rECONFORTANTE DE QUALQUER MODO, VER UM VELHO CONHECIDO NA TELA. fELIPE cAMARGO É dANTE. FANTÁSTICAS AS BRINCADEIRAS ENTRE O ESTADO DESEQUILIBRADO DO PERSONAGEM E DO PRÓPRIO ATOR, UM PERSONAGEM DO OUTRO. LOUCOS PELO EXCESSO, VIVENDO UMA VIDA FORA DOS TRILHOS. VENDENDO SUA LOUCURA NO VAREJO, CAMARGO NÃO FOI PRA TERRA DO TIO SAM, MAS TÁ VIVENDO SEU TEMPO DE BIG BROTHER. QUEM NÃO SE SUBMETE AO BBB HOJE, TÁ FORA. E ELE JÁ NÃO TINHA NADA MESMO A PERDER. SE ATÉ A VELHICE DO vALENTINO VAI SER DEVASSADA NO CINEMA POR ELE PRÓPRIO, ASSISTIR A DIVERTIDA DEMÊNCIA DE CAMARGO INDOOR OU OUTDOOR É REFRESCO QUE DESCE REDONDO. pARECE QUE ELE VAI SER RESPONSÁVEL POR TODO O SOM E TODA A FÚRIA, DESEMPENHANDO OS GRANDES MOMENTOS DA TEMPORADA.
____ ANDRÉA BELTRÃO, UM DOS MEUS ÍCONES DOS ANOS 80, TB FAZ UM TIPO DE COMEBACK ESPECIAL E BEM VINDO, CHEGA DE mARILDA, ARGH.
____o PRIMEIRO EPISÓDIO ZUNIU COM UMA ENERGIA QUE NÃO SE VIA HÁ MUITO TEMPO NA TV ABERTA. sEM OS CANSATIVOS ECXESSOS EXPERIMENTALISTAS DE o dIA dE mARIA OU cAPITU, DESFILANDO RITMO, IRONIA, E, MILAGRE, SARCASMO INÉDITOS NA TVZONA. eU LI NUMA ENTREVISTA, O bENTO rIBEIRO (FILHO DO jOÃO uBALDO rIBEIRO) , DIZENDO QUE FALTA NA TV BRASILEIRA É JUSTAMENTE SARCASMO, HUMOR NEGRO E MALDADEZINHA, TÃO COMUNS ÀS SÉRIES AMERICANAS. eLE MESMO, SEM SUCESSO, VEM TENTANDO APLICAR A EQUAÇÃO NO fURO mtv.
____SOM E FFFFURIA SUPRE ESSAS CARÊNCIAS. nESSE PRIMEIRO CAPÍTULO FINALMENTE TIVE A CERTEZA DE QUE ESTAVA VENDO UM - P- R - O - G - R- A -M - A - NA GLOBO. E ISSO QUE O ELENCO AINDA NÃO FOI TOTALMENTE APRESENTADO. cLARO QUE O PROGRAMA TEM SEUS PROBLEMAS COMO A mARIA fLOR SEMPRE FAZENDO PAPEL DE mARIA fLORZINHA E A CARICATURIZAÇÃO DOS PAPÉIS DENTRO DOS PAPÉIS. tOMARA QUE O PERSONAGEM DO pEDRO pAULO rANGEL NÃO FIQUE PERAMBULANDO DE FANTASMINHA CAMARADA ATÉ O FINAL DA MINISSÉRIE. iSSO JÁ TÁ MAIS QUE VISTO, INAUGURADO PELO GENIAL/EXCEPCIONAL sIX fEET uNDER E COPIADO NO fORÇA-tAREFA, AQUELA ROUBADA EM QUE O mURILO bENÍCIO SE METEU.
____aTÉ AMANHÃ.